Em Julho do ano passado, com a cultura a reabrir após vários confinamentos, o músico Paulo Furtado anunciou a digressão Fix of Rock ‘n’ Roll em apenas cinco recintos cuidadosamente seleccionados, como contributo para a sobrevivência do sector.
Avenida, em Aveiro, Salão Brazil, em Coimbra, Bang Venue, em Torres Vedras, Bafo de Baco, em Loulé, e Texas Bar, em Leiria, receberam The Legendary Tigerman para concertos ainda com lugar sentado, numa declaração de amor aos clubes que há anos investem na música ao vivo.
A escolha do Texas Bar para a tour de cinco datas só pode surpreender os mais desatentos. Paulo Furtado já lá tocou várias vezes e o palco da aldeia de Barreiros, na freguesia de Amor, é um farol de resistência que alcança todo o País.
Esta sexta-feira, 8 de Julho, assinalam-se 30 anos de actividade. Com mais concertos, claro.
Três décadas a rock and rollar significam “muitas noites incríveis”, resume Luís Filipe Clemente, responsável (com o irmão, Rui) pela abertura do Texas em 1992. Inicialmente, a acolher as chamadas bandas de covers, depois, sessões de karaoke, e, mais recentemente, artistas e bandas de originais.
“Já ouvi histórias de amigos a dizer que só existem porque os pais se conheceram no Texas. Um dos momentos mais especiais para mim foi ter a possibilidade de conhecer o grande Zé Pedro dos Xutos & Pontapés, que actuou com a banda Ladrões do Tempo”, recorda Frederico Clemente, a segunda geração da família no negócio que considera “muito mais do que um bar” e que elege como melhor memória o espectáculo dos norte-americanos Moon Duo.
Apesar da diferença de idades, pai e filho partilham várias escolhas quando convocados a revisitar os últimos 30 anos: The Black Mamba, Linda Martini, The Legendary Tigerman, Capitão Fausto, Ramp, Kussondulola, Allen Halloween e Noiserv, entre os portugueses, mas, também, The Vintage Caravan, Moon Duo, Black Wizard, Silva, Boogarins, Acid Mother’s Temple, The Mystery Lights e Ouzo Bazooka, vindos do exterior.
Num destino que, não raras vezes, recebe datas únicas de artistas internacionais fora de Lisboa ou Porto, Frederico Clemente destaca ainda, entre a legião estrangeira, O Terno, Cícero, Truckfighters, The Mauskovic Dance Band, The Telescopes, Stonefield, Cocaine Piss, Camera, Tav Falco’s Panther Burns, The Fresh & Onlys, Mars Red Sky ou Slift. E, entre os portugueses, Tara Perdida, B Fachada, More Than a Thousand, Glockenwise, Sensible Soccers, Mata-Ratos, The Parkinsons, Memória de Peixe, Anarchicks, Filipe Sambado e Conjunto Corona.
“O nosso maior orgulho é termos conseguido tornar o Texas num dos locais incontornáveis do circuito musical alternativo em Portugal”, comenta. “Com programação eclética, que dá palco a artistas reconhecidos e também a projectos emergentes, nacionais e internacionais”.
A fórmula também inclui “muito amor e resiliência”, acrescenta Luís Filipe Clemente. “No ano de 2009, o Texas foi renovado e actualmente é uma sala de espectáculos que nos orgulha pelas suas características ímpares a nível de espaço e acústica”.
Hoje, 8 de Julho, depois das 22 horas, vão a palco Killimanjaro (de Barcelos), Stone Dead (Alcobaça) e Misfit Trauma Queen (Figueira da Foz). O set do dj Peregrino encerra o cartaz de mais uma sexta-feira para celebrar o espírito do rock nos arredores de Leiria.