Foi com lágrimas nos olhos, muitos aplausos e emoção que vários militantes e simpatizantes do PCP receberam Jerónimo de Sousa, que considerou que “uma das maiores alegrias” que tem é “sentir os afectos e o reconhecimento” pela forma como esteve e está na política”.
O secretário-geral do PCP, que vai deixar a liderança do partido no sábado, acrescenta que estas manifestações de afecto chegam também de “alguns adversários políticos”, que lhe “reconheceram” alguns elementos que considera “fundamentais para se estar na vida política nacional: ser sincero, honesto, ter como preocupação central a defesa dos interesses dos trabalhadores, dos que menos têm, menos podem, com uma só cara, uma só palavra”.
“Estas manifestações de afecto são reflexo de facto dessa situação e são tocantes para mim, que ando aqui há dezenas de anos, mas tenho recebido o melhor prémio, que é a fraternidade e o reconhecimento do papel da contribuição, pequena, que tive neste processo”, acrescentou.
Disponibilidade revolucionária
Jerónimo de Sousa disse ainda sentir uma “grande tranquilidade” ao ser “essa reacção de pessoas que divergem” da sua política, “mas o reconhecimento de que a política é uma coisa nobre e quando entendida como tal é o maior reconhecimento neste momento”.
Sobre a sua despedida na Marinha Grande, o ainda líder do PCP afirmou: “Desculpem desiludir-vos, mas não saí do partido nem da direcção do partido. Houve alteração de responsabilidades, mas enquanto considerar que o meu povo e os trabalhadores precisam de contribuições, vou continuar”.
O secretário-geral do PCP prometeu também “disponibilidade revolucionária” para continuar a luta na defesa dos trabalhadores e do povo, na última sessão pública como líder do partido comunista.
“Ainda estou aqui com uma disponibilidade revolucionária para continuar a minha luta na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal. Ainda vão ter de me aturar mais uns anos”, afirmou Jerónimo de Sousa.
Legado de Cunhal
Na sua intervenção da comemoração do aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal, o secretário-geral reafirmou o legado deixado. “Aqui reafirmamos o compromisso de sempre do Partido Comunista Português com os interesses de classe dos trabalhadores” e o “apelo à sua organização, unidade e luta”.
Salientando que Álvaro Cunhal “deu sempre importantes contributos que se projetam como importantes ensinamentos para a intervenção dos trabalhadores na atualidade”, Jerónimo de Sousa afirmou que é na “torrente das pequenas e grandes lutas de massas que se pode encontrar o caminho para ultrapassar as atuais dificuldades que os trabalhadores enfrentam no plano dos salários, dos direitos, do emprego e do trabalho precário, dos horários, da intensificação da exploração do trabalho, agravada pela manutenção das normas gravosas da legislação laboral”.
“Honrando a sua memória, reafirmamos a nossa inquebrantável determinação de continuar a perseguir aquele sonho milenar pela materialização do qual Álvaro Cunhal entregou toda uma vida de combate revolucionário: o sonho da construção de uma sociedade liberta da exploração do homem pelo outro homem”, disse ainda.