Leia aqui a primeira parte da entrevista
No primeiro mandato encontrou uma dívida de 7,5 milhões de euros para saldar. Que entraves provocou ao desenvolvimento do concelho?
Entrei nesta câmara sem me ter perfilado previamente para a candidatura. Apareci seis meses antes das eleições porque parecia mal o PS não apresentar um candidato. Herdei não só a maior dívida como enfrentei a maior catástrofe. Estávamos a braços com um saneamento financeiro tipo plano troika. Num orçamento de nove milhões de euros, um milhão de euros era para pagar à banca e 63% para pessoal e encargos. Veja-se o que sobra para tudo o resto, incluindo investimento. Era imperioso que se conseguisse debelar a dívida. Comecei por negociar juros e só aqui ganhámos 300 mil euros. Sabendo que o quadro comunitário estava na fase inicial, queria arrumar a casa para ter capacidade para investir, até porque não posso ir à banca. Decidimos aproveitar todas as candidaturas para não perder a oportunidade, mesmo que depois tenhamos que deixar cair algumas. Estamos a dois anos do saneamento. Faltam liquidar cerca de 3 milhões de euros de dívida. Ou seja, passo a ter mais um milhão de euros por ano para investir no concelho. Gradualmente, quisemos também dar algumas condições às pessoas. Dentro de três anos ficamos com o IMI no mínimo. Os incêndios também empolaram isto e passámos de orçamentos de quase nove milhões para 17 milhões euros. Estamos a falar de candidaturas, fora de incêndios, à volta dos 4 ou 5 milhões de euros. É significativo o que fica aqui na região.
O PSD chumbou o orçamento porque "não cria emprego, não protege suficientemente as famílias" e "representa isso sim uma oportunidade perdida para as pessoas, principalmente os mais carenciados, desempregados e os que mais precisam de ajuda".
Compreendo o PSD. Seria irrealista se pensasse que o PSD vinha valorizar o que estou a fazer. Quando cheguei à câmara deparei-me com um parque industrial parado há dois anos na CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] sem financiamento e o quadro comunitário ia encerrar. Assim que entrei procurei desbloquear a situação, conseguimos em tempo recorde fazer um projecto de ampliação e até ao final do ano conseguimos desbloquear a situação. Num ano acabámos a obra, ou seja, criámos condições para as empresas se implementarem. Quando cheguei, se me pedissem uma área para uma empresa se fixar, não tinha. O PSD esquece-se de como deixou isto.
E por que não aceitou a proposta do PSD para baixar o IRS e o IMI?
O meu antecessor já não mexia no IMI há sete anos e estava praticamente no máximo. No segundo ano do meu primeiro [LER_MAIS] mandato baixei de 0,40 para 0,38 e nos dois anos seguintes a mesma coisa. Está em 0,36. Este ano, atendendo ao investimento previsto não baixei porque temos de controlar a entrada de IMI, até porque as isenções que houve baixaram significativamente o valor global. A nossa intenção é continuar a baixar, mas de uma forma consciente. Não quero dar tudo, porque, com o saneamento financeiro ,se desequilibrar as contas tenho de ir à banca e automaticamente dispara-me o IMI para o máximo. O objectivo é no final do mandato ter o IMI no mínimo, porque depois de cumprir o saneamento financeiro já estarei à vontade para abdicar de receita, facilitando as pessoas. O IRS incide sobre quem tem rendimento. Abdicámos de 1% e quando a câmara tiver condições poderemos aliviar na carga fiscal, mas temos de ir caminhando gradualmente.
A criação do aeroporto em Monte Real iria beneficiar Figueiró dos Vinhos?
ria beneficiar toda a região Centro, que precisa de uma vez por todas criar alguma igualdade face a Lisboa e com o Porto. As pessoas só vêm à zona Centro porque vão a Fátima ou têm um objectivo específico. Quem vem de fora para passear fica por Lisboa ou pelo Porto. Se houvesse um aeroporto em Monte Real, as pessoas já vinham para esta zona. O mesmo em termos industriais. Um empresário de uma multinacional poderia ficar na zona Centro sabendo que tem um aeroporto perto. Figueiró dos Vinhos por arrasto iria beneficiar, como toda este região. Monte Real também tem estrutura para isso. Era uma forma de o Estado tornar o País mais homogéneo.