António Marto está de saída da Diocese de Leiria-Fátima e irá ser substituído pelo actual bispo de Setúbal, José Ornelas.
A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo jornal O Setubalense e é confirmada hoje pelo 7Margens, que apurou junto de fontes eclesiásticas que o anúncio deverá ocorrer até à próxima sexta-feira, dia 28, ou o mais tardar na semana seguinte.
O JORNAL DE LEIRIA contactou fonte oficial da Diocese de Leiria-Fátima que remeteu o assunto para o gabinete de imprensa da Santa Sé, órgão que faz a comunicação oficial deste tipo de nomeações, o que deverá acontecer nos próximos dias.
Na Diocese de Leiria-Fátima há quase 16 anos, António Marto, que completa 75 anos em Maio, já tinha pedido a renúncia ao mandato. Aquando da audiência que teve com o Papa, em abril do ano passado, onde o Santo Padre confirmou a intenção de vir a Fátima em 2023, o bispo terá mesmo solicitado alguma urgência na substituição devido a questões de saúde.
Natural da Madeira, José Ornelas, com 68 anos, é bispo de Setúbal desde 2015, tendo assumido a liderança da CEP em Junho de 2021.
Fez a sua formação religiosa na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus e foi ordenado padre em1981. Antes, esteve como missionário em Moçambique, uma experiência “suprema” que lhe marcou a vida “a todos os níveis”.
“Foi um ponto fundamental de consolidação, por um lado, e de abertura de horizontes por outro”, reconhece D. José Ornelas, em entrevista concedida ao JORNAL DE LEIRIA em Dezembro de 2020.
Em 2015, preparava-se, aliás, para iniciar uma nova missão em África – era então superior-geral da congregação dos dehonianos – quando o Papa o escolheu para liderar a diocese de Setúbal. Doutorado em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa e especialista em Ciências Bíblicas, foi professor na mesma instituição entre 1983 e 1992 e entre 1997 e 2003.
Quem o conhece destaca o modo como se dedica aos problemas da sociedade, com especial atenção para os mais desfavorecidos. Aliás, também já lhe chamaram ‘bispo vermelho’ numa alusão a D. Manuel Martins, bispo de Setúbal que ganhou esse cognome pela acção de denúncia de situações de fome e de injustiça social.
“É uma pessoa que admiro tanto. Foi um elemento inspirador da nossa Igreja em Setúbal. Quanto a cores, já disse que não sou daltónico. Isso não me preocupa. Preocupa-me sim, tal como se preocupava D. Manuel Martins, que não defendeu nenhuma ideologia, a defesa do Evangelho e da dignidade das pessoas”, disse José Ornelas naquela entrevista.