Uma jovem de 28 anos foi raptada e assassinada na cidade da Beira, em Moçambique, ao que tudo indica, na quinta-feira, dia 28 de Dezembro. Natural de Cortes, no concelho de Leiria, Inês Rodrigues Botas era directora financeira da empresa Ferpinta.
O corpo da jovem deverá chegar hoje a Portugal, esperando-se que ao final do dia esteja nas Cortes. O funeral realiza-se amanhã, sexta-feira, pelas 11 horas. A causa da morte estará relacionada com o roubo de cerca de 416 euros e do telemóvel, por parte de três homens, com idades compreendidas entre os 21 e os 24 anos, já detidos pelas autoridades moçambicanas.
Segundo o JORNAL DE LEIRIA apurou, no dia 29 de Dezembro, um colega da empresa Ferpinta denunciou à polícia que Inês Botas teria sido raptada, dado que desde a noite anterior a mesma se encontrava com os telemóveis desligados, não tinha regressado a casa e a viatura em que se fazia transportar teria sido localizada estacionada em frente a um hotel da zona. As diligências da polícia levaram de imediato à detenção de três cidadãos, que terão explicado o móbil do crime.
De acordo com as declarações dos suspeitos, o rapto terá sido engendrado por um personal trainer do clube, onde a jovem treinava, que abordou os outros dois suspeitos com o objectivo de roubarem dinheiro a “uma portuguesa”.
Na quinta-feira, Inês Botas terá feito o seu treino e quando se preparava para sair, um funcionário do clube pediu-lhe boleia e convidou os outros dois suspeitos. Na viatura seguia também o treinador pessoal de Inês, que saiu da viatura antes dos outros e que nada terá a ver com o crime. Perto da Igreja Maria de Fátima, os homens anunciaram o assalto, exigiram-lhe o código dos cartões bancários e assumiram a condução da viatura.
[LER_MAIS] Naquela noite foram levantados 9000 meticais (129,38 euros). Utilizando depois a viatura de um dos alegados assaltantes, levaram Inês Botas até à ponte do rio Pungue, onde a lançaram de uma altura de aproximadamente dez metros.
A seguir levantaram mais 20000 meticais (287,52 euros). Os ansuspeitos foram encontrados na posse do telemóvel da vítima e dos dois cartões bancários. O corpo da jovem viria a ser localizado no sábado.
Apesar de Moçambique ser considerado um dos países africanos mais seguros, duas mulheres portuguesas foram assassinadas em apenas dois dias na sequência de assaltos.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse à Lusa que a autópsia concluiu que a cidadã portuguesa foi morta por afogamento com prévio traumatismo craniano. O governante acrescentou ainda que a empresa onde trabalhava a portuguesa vai assumir as responsabilidades da sua trasladação, enquanto os serviços consulares vão ficar com toda a responsabilidade da emissão dos documentos necessários, nomeadamente isenção dos emolumentos consulares.
Numa nota divulgada pela Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou condolências à família da cidadã portuguesa assassinada em Moçambique .
O Presidente falou “com a família de Inês Botas, a cidadã portuguesa raptada e assassinada em Moçambique, onde trabalhava ao serviço da empresa Ferpinta”. A Associação Fazer Avançar, de que Inês Botas era associada, e voluntária, publicou nas redes sociais uma mensagem em que presta homenagem à jovem de 28 anos: "Ainda em choque, comunicamos a todos os nossos associados que a nossa Inês Botas faleceu em Moçambique. A Inês era a alegria de todas as salas em que estivesse presente e é uma injustiça tremenda ela já não estar connosco. A Inês foi uma pessoa muito importante para a AFA e para as nossas vidas. Cresceu connosco. O mundo é um sítio em que, por vezes, parece impossível escapar à maldade humana. O nosso pensamento está neste momento exclusivamente com a família da Inês que, como ela, fazem parte de nós e tanto deram à AFA".
Dois dias depois, dia 31, uma mulher portuguesa de 77 anos foi morta na província de Manica, na sequência de um assalto à sua residência.
Empresário de Leiria morto em Moçambique
Nelson Ascensão, 34 anos, natural de Tomar, e empresário que tinha ligações à empresa Relógio, em Leiria, foi assassinado em Setembro de 2011, na cidade de Xai-Xai, província de Gaza, em Moçambique, na sequência de um assalto à mão armada. Segundo noticiou o Correio da Manhã na altura, após contacto com o pai da vítima, Nelson Ascensão tentou fugir aos assaltantes para evitar que lhe roubassem o dinheiro que transportava, acabando baleado mortalmente numa rua de Xai-Xai. “Ele ia trocar dinheiro e foi apanhado numa ponte”, contou António Ascensão àquele jornal. Nélson Ascensão geria uma estância balnear em Xai-Xai. O jovem tinha estudado na Escola Superior de Educação de Leiria (actual ESECS).