Contam-se pelos dedos de uma mão o número de jovens portugueses, com 18 anos, a competir como profissionais no ciclismo de estrada. Duarte Domingues, natural de Gândara dos Olivais, em Leiria, integra esse leque e é já considerado uma jovem promessa do ciclismo português.
Na sua primeira época como profissional na Glassdrive-Q8-Anicolor, equipa que no ano passado conquistou a Volta a Portugal, tem como principal objectivo “garantir uma transição saudável” e “evoluir”, sem esquecer o seu sonho e o que o motiva: tornar-se campeão do mundo.
Desde cedo que Duarte Domingues tem uma ligação forte ao desporto, tendo praticado diversas modalidades. Mas foi apenas quando experimentou o BTT que descobriu a sua verdadeira paixão. “Tudo começou com o meu pai, que esteve sempre muito ligado ao ciclismo. Eu sempre gostei de andar de bicicleta e um dia, quando tinha sete anos, decidimos experimentar o BTT, no Sport Clube Leiria e Marrazes”, conta.
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Atleta do Sport Clube Leiria e Marrazes até aos 14 anos, enfrentou nessa altura uma lesão que o obrigou a parar durante uma época e o impossibilitou de continuar no BTT. Já recuperado, ingressou numa equipa de ciclismo de estrada, no Carregado, onde esteve durante um ano. Após esse período foi para a antiga Efapel, onde esteve também um ano, até mudar de escalão.
Durante os últimos dois anos vestiu a camisola da Escola de Ciclismo Bruno Neves, tendo conquistado em 2021 o Campeonato Nacional de Rampa, naquela que foi a sua primeira época como júnior. “Foi o maior resultado que alguma vez obtive. Nunca tinha feito uma subida tão grande como aquela, de oito quilómetros. Foi um ponto de viragem naquela altura.”
No final do ano passado assinou contrato com a equipa profissional da Glassdrive-Q8-Anicolor, onde vai correr até 2024. “Foi um desejo realizado e um passo muito grande. Sobretudo depois de um ano tão difícil, em que estive mais de metade da época parado, por causa de uma lesão e de outros problemas de saúde. Mas nas provas onde competi, tive resultados muito bons”, refere o jovem.
A estreia de Duarte Domingues na Glassdrive-Q8-Anicolor ocorreu no dia 5 de Fevereiro, na Prova de Abertura – Região de Aveiro, onde a equipa inaugurou a época de 2023. Já no dia 12 de Fevereiro foi a vez de competir no Figueira Champions Classic, onde estiveram presentes cinco equipas de World Tour e estrelas como Rui Costa, Rémi Cavagna, Fabio Jakobsen, Casper Pedersen ou Magnus Cort.
“Este arranque de época foi complicado. São muitas horas de treino, muito foco que tem de se colocar na bicicleta. Mas até agora tem estado a correr muito bem. Na primeira prova apenas perdi 20 segundos para o primeiro classificado, mas consegui acabar dentro do pelotão. E fui o único corredor da minha idade a passar a única subida da corrida no pelotão”, refere.
Já a prova na Figueira da Foz foi “a mais dura” até hoje. “Não estava à espera de aguentar todos os quilómetros”, confessa Duarte, revelando que competir como profissional “tem sido uma experiência incrível”.
“Estou numa equipa incrível, que me tem acolhido bastante bem, e tem sido muito bom aprender com eles”, afirma. Apesar de não saber ainda qual será a sua especialidade, o jovem ciclista considera-se um corredor completo, tanto no sprint, como na alta montanha e no contra-relógio, ainda que admita gostar mais da alta montanha.
O objectivo é evoluir
“Nesta época o meu foco é evoluir e assegurar a transição para profissional de uma forma saudável”, revela Duarte Domingues que, tendo os olhos postos no futuro, ambiciona um dia conquistar o título de campeão do mundo.
“Todos os ciclistas sonham correr no Tour de France por uma das melhores equipas do mundo. Para mim sempre foi um sonho e um objectivo ser campeão do mundo. Acho que tenho as características necessárias e vou trabalhar para isso”, assegura.
Família é o “grande suporte”
O irmão de Duarte Domingues também não é desconhecido para os amantes de ciclismo. O que poucos saberão é que foi Duarte a “puxar” o irmão André para esta modalidade. “Fui eu que acabei por o inspirar. Eu já estava no BTT há alguns anos e ele, mais velho que eu, jogava ténis e estava a ficar cansado daquela modalidade. Na altura decidiu também experimentar o BTT e apaixonou-se de igual forma”, refere.
Tanto o irmão como os pais são o “grande suporte” do jovem ciclista. Um apoio dado também ao nível dos estudos. Duarte Domingues, que entrou este ano lectivo no curso de Tecnologia Biomédica na Universidade de Bragança, tem neste momento a matrícula congelada, face à distância.
“A minha primeira opção era Biomecânica, em Leiria. No próximo ano lectivo vou tentar mudar para este curso e para a nossa cidade, porque também é importante não deixar os estudos para trás”, afirma.