A criação de um centro de acolhimento temporário para idosos, a cedência de casas de autonomia de vida para jovens institucionalizados a partir dos 16 anos ou o desenvolvimento de um banco de voluntariado para menores de 18 anos foram alguns dos desafios deixados pelos jovens das escolas secundárias do concelho de Leiria em mais uma sessão dos Jovens Deputados.
Com a participação de 51 deputados ‘eleitos’ para uma sessão plenária, em que esteve em debate o Ano Nacional da Colaboração, o Teatro Miguel Franco recebeu as ideias dos alunos, numa assembleia presidida por António Sequeira, presidente da Assembleia Municipal de Leiria.
“Tenho grande esperança na vossa geração, que é aquela que nos pode permitir continuar a viver em liberdade”, salientou António Sequeira, desafiando os jovens a participarem no processo de consolidação democrática, como a via para contrariar os perigos totalitaristas que actualmente pairam sobre diversos países.
Ricardo Oliveira, da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, apresentou um projecto para incentivar e desenvolver o voluntariado entre os jovens, em actividades como passear animais na rua em colaboração com o canil municipal ou participar em acções da Autarquia.
“Assim, o voluntariado é encarado como uma forma de colaboração com o seu município, mas também como contributo para o seu [LER_MAIS] enriquecimento pessoal.”
Apesar da Câmara de Leiria possuir um Banco Local de Voluntariado, o mesmo destina-se a maiores de 18 anos, deixando os jovens mais novos de fora.
A construção de um centro de acolhimento temporário adjacente ao Hospital de Santo André, que prestasse serviços a idosos em condições de dependência médica, após alta hospitalar, foi uma das sugestões apresentadas por Matilde Leal, da Escola Secundária Domingos Sequeira (ESDS).
A jovem recordou a dificuldade que as famílias têm em cuidar de um idoso, que ainda necessita de cuidados de saúde, apesar de já não precisar de internamento. “Seria um espaço temporário, o tempo necessário para a pessoa recuperar.”
Reconhecendo a dificuldade que os jovens institucionalizados têm quando atingem a maioridade e são ‘obrigados’ a deixar o lar, Luís Franco, da ESDS, propôs a criação de casas de autonomia, onde continuariam a ter algum apoio social e acompanhamento na organização da sua vida. O aluno sugeriu que se requalificassem habitações devolutas.
“Esta proposta, embora ambiciosa devido ao financiamento necessário, irá qualificar o nosso espaço urbano e proporcionar uma melhoria significativa na vida dos jovens institucionalizados.”
“Escola não só ensina, também forma cidadãos”
“Tivemos propostas muito concretas e munidas de um debate de ideias e de convicções. Prova que a escola não só ensina, mas forma cidadãos. Alguns deles trazem problemas que lhes estão mais próximos e tentam procurar soluções para nos apresentar. Ter os jovens a apresentar soluções para melhorar a sociedade é para nós um balanço extremamente positivo”, destaca Anabela Graça, vereadora da Educação na Câmara de Leiria.
A autarca salienta que este projecto ajuda a “fomentar a participação cívica” e a “chamar a atenção dos jovens para o seu papel de cidadão activo e também responsável”. Todas as propostas que estiverem direccionadas para as competências do Município, Anabela Graça afirma que serão levadas em conta.
No entanto, o tema da colaboração exige, sobretudo, “uma rede entre várias entidades” e “parcerias”, “um trabalho que o Município tem vindo a desenvolver”. Para a vereadora, a mensagem que os jovens estão a passar é que “colaborar faz toda a diferença”.