Fez a guerra colonial portuguesa na Guiné Bissau. Era aí que estava quando se deu o 25 de Abril. Após a revolução, Rafael Matos, nascido em São Mamede, Batalha, regressou a Portugal e encontrou um País onde “continuavam a faltar oportunidades para os jovens”. O “trabalho fazia-se escasso” e, por isso, decidiu emigrar para França “à procura de uma vida melhor”.
Como tantos outros, partiu “a salto”, juntamente com um amigo. Quando atravessavam um rio que separava Espanha e França foram interpelados por um guarda, que lhes pediu os documentos e os interrogou sobre as suas intenções. “Assim que lhes dissemos que queríamos ir para a Legião Francesa, deu-nos as boas-vindas. Levaram-nos para uma caserna e cuidaram de nós”, recorda Rafael Matos, um dos portugueses que serviram aquele corpo militar francês, criado em 1831 para permitir o recrutamento de soldados estrangeiros para o exército.
Não há número exactos, “porque a nacionalidade não é um factor determinante”, nota Rafael Matos, mas estima-se “entre 1800 a 2000” portugueses já tenham servido esta mítica força de elite desde a sua fundação. “Os portugueses nunca foram muito numerosos na Legião, mas tiveram sempre uma presença importante”, reconheceu o general Jean- Louis Franceshi, antigo comandante da Legião, que, no último sábado, participou num encontro realizado em São Mamede, Batalha, que juntou antigos legionários.
Na ocasião, o general francês desmitificou também algumas ideias que existem em torno deste corpo militar. “Um legionário jamais é um mercenário. (…). São soldados estrangeiros ao serviço de França, da mesma maneira que em Portugal há estrangeiros ao serviço do País”, afirmou.
“Ser legionário é qualquer coisa que nos ultrapassa. Sem perguntar por que vamos, a Legião dá uma segunda oportunidade a quem quer mudar de vida”, acrescenta Antoine Marquez, coronel natural de Lisboa que se alistou na Legião Estrangeira em 1967, tendo estado ao seu serviço durante 37 anos.
Mais curta foi a ligação de Rafael Matos à Legião, à qual pertenceu durante 15 anos. A admissão, diz, não foi fácil. “A selecção é severa. Naquele tempo [1975], em cada 10 candidatos só passavam dois. Eu tinha a vantagem de ter sido pára-quedista num território onde a guerra colonial foi de grande desgaste [Guiné Bissau]”, conta.
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