Numa sondagem do Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado (IPOM), 26% dos inquiridos no concelho de Leiria, ou seja, aproximadamente 1 em cada 4, admitem que não sabiam da candidatura a Capital Europeia da Cultura, anunciada pela Câmara em 2015 e com um grupo de missão a trabalhar desde o início de 2016.
O desconhecimento aumenta longe da Praça Rodrigues Lobo e atinge os 51,4% em Pombal, os 52,4% em Alcobaça e os 53,1% na Nazaré, isto é, nestes três concelhos mais de metade dos que responderam à sondagem do IPOM para o JORNAL DE LEIRIA ignoravam a intenção da Rede Cultura 2027, que será formalizada dentro de algumas semanas, no mês de Novembro.
Encabeçada por Leiria, a candidatura reúne 26 municípios dos distritos de Leiria, Santarém e Lisboa, na região entre Castanheira de Pera e Arruda dos Vinhos, mas, mais de seis anos após o anúncio por Raul Castro na sessão oficial do Dia do Município, continua a não captar a atenção de 32,5% das pessoas ouvidas na Marinha Grande, 36,4% em Porto de Mós e 38,6% na Batalha.
Contas feitas, no universo dos sete concelhos considerados na sondagem do IPOM para o JORNAL DE LEIRIA, cerca de 41% dos 3.538 inquiridos não sabiam da candidatura a Capital Europeia da Cultura.
No concelho de Leiria, o desconhecimento é maior na faixa etária dos 25 aos 29 anos (41,7%) e dos 30 aos 39 anos (36,2%) e entre quem não sabe ler ou apenas frequentou a escolaridade primária (68,8%).
Entre os projectos já realizados da Rede Cultura 2027 encontram-se, por exemplo, o congresso O Futuro da Nossa Cidade, as narrativas de Gonçalo M. Tavares em Peregrinação, a exposição de fotografia Identidade Territorial, o Museu na Aldeia, o livro Retratos de um Território, os Roteiros Imersivos, as Pontes de Contacto, os vídeos Gentes e Lugares, a hemeroteca digital e a agenda em papel.
Argumentos para vencer
Perante a pergunta “Em seu entender a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura tem argumentos suficientes para vencer?”, respondem “sim” 56,7% dos entrevistados no concelho de Leiria, 44,4% na Marinha Grande, 43,4% na Batalha, 38,1% em Porto de Mós, 36,4% em Alcobaça, 33,5% em Pombal e 28,3% na Nazaré.
Caso Leiria seja escolhida e prevaleça sobre Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Oeiras, Ponta Delgada e Viana do Castelo, que perseguem o mesmo objectivo, os benefícios serão, fundamentalmente, económicos, na perspectiva da maior parte dos inquiridos: 43,2% na Marinha Grande, 38,2% na Batalha, 36,7% em Leiria, 35,2% em Porto de Mós, 30,3% em Pombal e 28,4% em Alcobaça.
Logo a seguir, como segunda resposta mais escolhida, aparecem os benefícios ao nível cultural: 28,6% na Marinha Grande, 28,3% em Porto de Mós, 26,8% na Batalha, 26,4% em Alcobaça e 24,6% em Pombal.
Curiosamente, no concelho de Leiria, que encabeça a candidatura, só 18,7% confiam que haverá benefícios ao nível cultural, menos do que os 33,2% que admitem proveitos de imagem e visibilidade. Existem, por outro lado, 7,3% que acreditam que, mesmo no cenário de Leiria ganhar a decisão, a iniciativa só trará custos e outros 4,3% que não manifestam opinião.
Na Nazaré, as respostas colocam os benefícios ao nível cultural (33,6%) à frente do retorno económico (24,3%) e dos ganhos de imagem e visibilidade (15%).
O caminho até à decisão
Em 2027, uma cidade portuguesa e uma da Letónia serão capitais europeias da cultura. O prazo para entrega de candidaturas decorre até 23 de Novembro de 2021 e o anúncio de finalistas é esperado no primeiro trimestre de 2022. A reunião de selecção final deverá acontecer no quarto trimestre de 2022 e a designação das duas cidades Capital Europeia da Cultura 2027 vai ocorrer em Dezembro de 2022 ou Janeiro de 2023.
A lista de finalistas e a escolha da cidade vencedora são da responsabilidade de um júri de peritos independentes, com dez membros nomeados pelo Parlamento Europeu, Conselho Europeu, Comissão Europeia e Comité das Regiões e dois membros indicados pelo Ministério da Cultura português.
O Ministério da Cultura, através do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC), abriu o convite para a apresentação de candidaturas a 23 de Novembro de 2020.
A cidade portuguesa vencedora, que sucederá a Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012), vai receber, além de milhão e meio de euros da Comissão Europeia, 25 milhões de euros provenientes do Ministério da Cultura.
A candidatura encabeçada por Leiria que reúne 26 municípios é dinamizada através da Rede Cultura 2027, entidade em que o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, preside ao conselho geral, João Bonifácio Serra presidente ao conselho estratégico e Paulo Lameiro coordena o grupo executivo.
Criada pela Comissão Europeia em 1985, a iniciativa tem o propósito de dinamizar as comunidades como centros de vida cultural, social e económica. Até hoje, 58 cidades obtiveram o estatuto de capital europeia da cultura.