Faltam ainda 20 minutos para as 14 horas de sexta-feira, dia 8. Tentamos estacionar nas imediações da avenida Marquês de Pombal, num lugar não pago. Seguimos pela rua da Restauração, atravessamos o largo de Santa Isabel em direcção às ruas João XXI e Dr. Magalhães Pessoa e avenida José Jardim. Nem um lugar disponível, porque não queremos arriscar, aproveitando um ou dois espaços existentes em cima do passeio ou das linhas amarelas.
Tentamos na Quinta de São Bartolomeu e o único lugar disponível é ocupado por um casal de idosos que mora na urbanização e que segue à nossa frente. “As garagens só têm um lugar e na maioria das casas há mais do que um carro”, sublinha José Silva, frisando que a zona é procurada por “quem vai ao tribunal, à Segurança Social e ao centro de saúde” e quer estacionar sem pagar.
As queixas repetem-se no Bairro dos Capuchos, onde recentemente ficou concluído um novo parque, com cerca de 50 lugares. É aí que encontramos Gustavo Santos, que acaba de ocupar o único lugar disponível.
“Parece que estava à minha espera”, brinca. Mais a sério, explica que, quando tem necessidade de se deslocar à zona alta da cidade, tenta sempre “a sorte” nos Capuchos. Quando não consegue, procura no parque a pagar em frente à câmara. Uma alternativa que não é opção para Cristina Fonseca, estudante do ensino superior, a residir na rua de Alcobaça. “Não posso pôr a pagar. Procuro sempre nos Capuchos e depois carrego com as coisas até à casa. À sexta-feira, faço o inverso”, adianta a jovem.
Estes testemunhos são comuns a muitas pessoas que vivem ou trabalham nas imediações da Marquês de Pombal, da Quinta de São Bartolomeu, no Bairro dos Capuchos ou na rua Anzebino da Cruz Saraiva, entre outras das zonas residenciais que estão ser usadas como estacionamento gratuito.
A solução preconizada pela câmara aponta, há vários anos, para a criação de parques nas principais entradas/ saídas da cidade interligados com a rede Mobilis, mas os projectos tardam em avançar.
Na semana passada, o assunto voltou a ser levado à reunião de executivo pelos vereadores do PSD, que sublinharam o “défice” de estacionamento na cidade e insistiram na criação de aparcamento nas parcelas que o município tem junto à avenida Papa Francisco e no terreno existente entre o centro de Saúde Gorjão Henriques e a cadeia regional, que é propriedade do Ministério da Justiça.
A primeira proposta foi, novamente, rejeitada pelo presidente da câmara. Relativamente à segunda, Gonçalo Lopes assumiu uma posição diferente e admitiu “dialogar” com a tutela com vista à cedência temporária da parcela para “implementar um parque de estacionamento táctico” nesse local.
Ao JORNAL DE LEIRIA, a autarquia adianta que já foram efectuados contactos com a tutela para “estudar o procedimento mais favorável às duas entidades”. Paralelamente, os serviços técnicos do município “vão desenvolver uma proposta de desenho do parque de estacionamento e das condições técnicas e financeiras para a sua execução, de modo a ser avaliada a viabilidade da respectiva implementação”.
Previstos 400 lugares junto à rotunda D. Dinis
Também dependente das negociações com Estado encontra-se o há muito prometido auto-silo em terrenos da ex-prisão-escola, junto à rotunda D. Dinis, cujo projecto se encontra “em fase de estudo prévio” e que prevê a disponibilização de 160 lugares.
Na mesma situação está o projecto para a criação de um espaço verde com aparcamento, a criar junto àquela rotunda. Aqui, “estão estimados cerca de 250 lugares, dependente das premissas das condicionantes e servidões de utilidade pública do PDM em vigor”, informa a câmara, adiantando que, neste momento, está a ser desenvolvido o estudo hidrológico e geológico/ geotécnico.
Ainda sem data para início de obra e entrada em funcionamento está o parque “provisório” que a câmara irá criar nas Olhalvas, em frente ao Intermaché, gratuito e com cerca de 600 lugares. O contrato de arrendamento do terreno tem a duração de dois anos, estimando-se que seja esse o prazo de funcionamento do parque, que irá garantir a existência de oferta durante as obras de ampliação do estacionamento do Hospital de Santo André.
“Foi aberto processo de empreitada com vista à contratação pública, estando os serviços do Departamento de Conservação e Gestão Operacional a ultimar as respectivas peças procedimentais”, refere a câmara sobre o ponto da situação do estacionamento das Olhalvas.
Em análise está a possibilidade de criar novos lugares de estacionamento junto à avenida Papa Francisco, nomeadamente com a abertura de uma via paralela com “função de distribuição local do tráfego” e aparcamento de ambos os lados, prevista no Projecto de Intervenção Urbana dos Capuchos.
Segundo o município, “neste momento está a ser avaliada a actualidade” desta proposta, “de forma a decidir sobre a implementação da rede viária” preconizada ou “a sua adaptação à ocupação futura”.