Estão registados em Leiria 247.588 ligeiros de passageiros (4,9% do total), o que coloca o distrito em sétimo lugar entre os que apresentam maior número de veículos no Continente.
Os dados constam no último relatório estatístico da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e revelam que o distrito viu subir em 3,7% o número de ligeiros face a 2017.
No final do ano passado, data a que se refere o relatório, circulavam em Portugal (ilhas incluídas) 5,2 milhões de ligeiros de passageiros. Que estão cada vez mais velhos. A idade média do parque automóvel é agora de 12,8 anos, quando há dois anos era de 12,6. Em 2010 era de 10,1 anos.
Os ligeiros de passageiros com menos de cinco anos (divididos por grupos de várias idades diferentes) pesam apenas 21,5% no total, enquanto os carros entre cinco e dez anos são 17,6%. Mas a maioria dos ligeiros em circulação (20,6%) tem entre 15 e 20 anos. Com mais de duas décadas, há 20,1%.
“Considera-se que acima de dez anos o parque automóvel está envelhecido. Tem havido de facto um agravamento da idade média do parque automóvel nacional, que antes da crise de 2008 era de nove anos”, explica ao JORNAL DE LEIRIA Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.
“Não se perspectivam melhorias”, porque com a crise pandémica “aumentou o desemprego e baixou o índice de confiança das pessoas”. Quem compra carro, opta pelos usados. “Este segmento tem mostrado alguma dinâmica, porque as pessoas têm algum receio de andar de transportes públicos e compram carros já com alguma idade, mais baratos”.
Para este responsável, deveria voltar a haver incentivos ao abate de veículos em fim de vida. Helder Pedro considera mesmo que esta medida é “fundamental”, já que “são precisos estímulos” para dinamizar o mercado.
Por outro lado, a medida “iria ao encontro da política de descarbonização” do governo, já que contribuiria para retirar de circulação veículos com emissões médias de 170 gramas de CO2, substituindo-os por outros com média de 95 gramas.
Os dados da ACAP revelam uma quebra acentuada na entrada de veículos novos em circulação. Entre Janeiro e Agosto, a descida é de 41,2% para o total do mercado, face ao mesmo período do ano passado. Considerando apenas os ligeiros de passageiros, é de 42%.
“A quebra é ainda maior do que revelam as estatísticas, que se referem a matrículas”, aponta Nuno Roldão. O administrador da Lubrigaz, de Leiria, confirma a quebra na venda de veículos novos e diz que há uma “transferência” da compra para os semi-novos. São carros com um ou dois anos, incluídos em programas das marcas e que “dão todas as garantias” ao cliente. Com a vantagem de custarem menos.
[LER_MAIS] Para o gestor de Leiria, a idade do parque automóvel circulante “é verdadeiramente preocupante, e vai agravar-se com a quebra das vendas de carros novos”. Por isso, também Nuno Roldão considera “fundamental” que sejam criados os incentivos ao abate de veículos que as associações sectoriais têm vindo a reclamar.
Para Carlos Santos, a idade do parque automóvel nacional “pode ser uma oportunidade”, quer em termos de pós-venda, já que exige maior manutenção, quer de vendas.
Reconhecendo que a fiscalidade “afecta muito a decisão de compra” de um veículo, o administrador da Lizauto, em Leiria, entende que os incentivos ao abate de veículos velhos podem influenciar a actividade das empresas do sector. Mas, “sendo importantes, não são determinantes”. O que “verdadeiramente faz falta é confiança na economia e na saúde pública e dinâmica comercial”.
O empresário reconhece que os semi-novos são hoje uma “fatia muito significativa” do negócio. “Há muito tempo que é assim”. São os próprios construtores automóveis quem “promove a transferência da compra dos novos para os semi-novos, que apresentam todas as garantias dos primeiros e custam menos dinheiro”.
Se a idade média dos ligeiros de passageiros é alta, nos pesados é ainda mais. No caso dos veículos de passageiros é de 15,1 anos. Já a idade média dos pesados e tractores de mercadorias é de 14,9 anos. Os ligeiros de mercadorias apresentam uma idade média de 14,5 anos. Já os motociclos, com cilindradas superior a 50 cc, têm em média 7,2 anos, revelam as estatísticas da ACAP.