São momentos únicos, cada vez mais raros no bulício do dia-a-dia. É dia do segundo passeio pedestre do ano e Luís Gonçalves faz-se acompanhar pela filha, pela esposa e pela mãe. Uma verdadeira reunião familiar.
Pela frente têm dez quilómetros que a organização, a cargo do Município de Leiria, diz ser de dificuldade média/alta. A subida da nascente do Lis à Maúnça “impõe algum respeito”. Não faz mal. Eles estão ali pelo convívio e para praticar actividade física, demore o tempo que demorar.
Na verdade, como esta família, muitas outras, dos oito aos 80 anos, amontoaram-se junto à igreja das Fontes. Os leirienses tornaram-se nuns verdadeiros ‘papa caminhadas’ e, por isso, não são 100, nem 500, os inscritos para cumprir a dezena de quilómetros.
Segundo as contas oficiais, à partida, na manhã deste domingo, estiveram 1.700 pessoas e as inscrições tiveram de encerrar antes do previsto. Para Luís Gonçalves, o “ambiente familiar” e o “espírito porreiro”, aliados à “excelente organização” e à possibilidade de “conhecer novos recantos do concelho”, tornaram esta iniciativa um sucesso.
“É espantoso ver a serra encher com estes caminhantes”, diz Carlos Palheira, satisfeito com a adesão “esmagadora” que a iniciativa tem vindo a ter. “Tem sido em crescendo”, explica o vereador do Desporto da Câmara Municipal de Leiria.
“Há dois anos tínhamos 400 pessoas, no ano passado 600, e este ano, em que até exigimos um registo, os números são incríveis.” No primeiro, em Amor, foram 1.300 participantes. Na Nascente do Lis, no domingo, ainda foram mais.
[LER_MAIS]Para o responsável, a organização “excepcional”, a comunicação “eficaz”, o “envolvimento” das associações locais e a crescente “sensibilização” para a prática de actividade física são as traves mestras do sucesso. E mesmo que o percurso não fosse pêra doce, lá estava uma mole humana à espera de pôr as pernas a andar.
Rui Roberto, que serviu de “carro-vassoura” no último evento, acrescenta duas razões ao facto de as pessoas “gostarem de caminhadas”. A primeira é a implementação do cartão, que pode oferecer aos participantes t-shirts e bastões em caso de fidelidade. O outro é o efeito matilha que já se viu em Leiria nos tempos áureos da Brisas do Lis Night Run.
Uma certeza está subjacente a esta alteração de comportamentos. “Leiria está mudada. As pessoas sabem que não podem ficar paradas. Não conheço, em mais lado nenhum, uma cidade com este nível de adesão”, sublinha Carlos Palheira. O próximo, na Barosa, a 22 de Março, já tem mais de 700 inscritos.