Leiria está, por estes dias, transformada num estaleiro, com obras um pouco por toda a cidade. Às empreitadas de maior vulto, já em curso, como a requalificação das avenidas Nossa Senhora de Fátima e General Humberto Delgado e a intervenção na rua Dr. João Soares, somam-se agora pavimentações em mais de uma dezena de vias no centro da cidade.
Nesse lote de asfaltamentos estão incluídas, por exemplo, a avenida Heróis de Angola e as ruas Mouzinho de Albuquerque e de Tomar (junto aos Bombeiros Municipais), artérias estruturantes para a circulação viária na cidade.
Para Francisco Marques, presidente da Adlei – Associação para o Desenvolvimento de Leiria, esta acumulação de obras revela “alguma falta de planeamento”, provocando constrangimentos de trânsito. Situação que, no seu entender evidencia ainda que, “ao contrário do que tem sido defendido pelos sucessivos executivos, há vias da cidade que não podem ser fechadas ao trânsito”, porque “não têm alternativa, como se demonstrou agora com esta simultaneidade” de empreitadas.
Ricardo Santos, vereador das Obras, alega que “é expectável” que existam várias obras em simultâneo, por haver empreitadas de “grande dimensão”, como é o caso das avenidas Nossa Senhora de Fátima e Humberto Delgado, que “podem coincidir com outras”.
O autarca assegura, contudo, que houve a preocupação de “minimizar os constrangimentos”, procurando, por exemplo, que a intervenção de maior impacto em termos rodoviários na rua Dr. João Soares “fosse realizada durante as férias escolares”
Em relação às pavimentações em curso noutras zonas da cidade, Ricardo Santos refere que os “trabalhos têm decorrido com muito bom ritmo”, pelo que o prazo de conclusão, inicialmente previsto para 22 de Dezembro, deverá ser antecipado. O vereador reconhece, no entanto, que, por estarem abrangidas artérias de grande movimentação, houve, “inicialmente, algumas dificuldades com a coordenação do trânsito”.
A par das obras na rede viária, decorrem na cidade outras empreitadas de grande dimensão. É o caso das requalificações do Mercado Municipal, do Castelo e núcleo muralhado, da construção de acessos mecânicos a este monumento e da intervenção no percurso Polis. Tudo somado, são mais de 14 milhões de euros de obras, a concluir entre o final deste ano e meados do próximo[LER_MAIS].
1. Rua Dr. João Soares
As obras iniciaram-se no final de Julho, com um prazo de execução de 90 dias. Orçada em 345 mil euros, a empreitada prevê a construção de uma rotunda na intersecção das ruas Dr. João Soares e Afonso Lopes Vieira (entre as escolas Superior de Educação e Ciências Sociais e a Secundária Francisco Rodrigues Lobo). Serão ainda criados novos corredores – de ciclovia, partilhado bus e bicicleta, de kiss & ride – e zonas de co -existência, “no sentido de promover sistemas alternativos de mobilidade dentro da cidade”.
Aquando do início dos trabalhos, a Câmara explicou que o objectivo da intervenção ão é “oferecer melhores condições de tráfego e segurança” numa artéria que, pela proximidade de diversos estabelecimentos de ensino, regista “grandes constrangimentos no tráfego automóvel”.
2 . Castelo e núcleo muralhado
A criação de um anfiteatro ao ar livre com capacidade para 200 pessoas sentadas e de uma cafetaria e a definição de percursos, de forma a facilitar a circulação dentro do monumento, são algumas das intervenções previstas nas obras em curso no núcleo muralhado do Castelo de Leiria.
A empreitada abrange ainda a Igreja da Pena, com a colocação de uma cobertura (já executada) e a transformação do espaço em sala de eventos. Será também requalificada a casa do guarda para recepção/bilheteira, loja e casas-de-banho. As obras iniciaram–se em Junho do ano passado e deverão ficar concluídas no Verão do próximo ano. No final, será também efectuada a requalificação do Largo da Igreja de São Pedro, templo que acaba de ser reabilitado.
3. Acessos mecânicos ao Castelo
Em fase avançada encontra-se a construção dos acessos mecânicos ao Castelo. O projecto contempla a instalação, a Norte, de um ascensor que circulará em carril, passando por cima da Rua Christiano Cruz (que dá acesso ao largo da Escola Secundária Domingos Sequeira).O acesso ao ascensor far-se-á por uma plataforma criada junto ao antigo horto municipal, à qual se acederá pela Avenida 25 de Abril.
Do lado Sul, serão instalados dois elevadores: um com acesso junto à Sé e que terá entrada/saída na Rua Cónego Sebastião da Costa Brites (localizada entre a Sé e a Rua Pero Alvito), e outro acessível junto à Torre Sineira.
4. Valorização da Heróis de Angola
As obras de valorização na Avenida Heróis de Angola tiveram início na semana passada e com elas a Câmara pretende criar “uma Avenida Cultura Urbana, conferindo-lhe uma imagem mais positiva e atractiva, com maior conforto, qualidade de vida e melhor ambiente para moradores e visitantes”. Para tal, serão requalificados e alargados os passeios, criada uma ciclovia e instaladas esplanadas e “ilhas de permanência”.
A intervenção contempla ainda a colocação de floreiras, bancos e mobiliário urbano atractivo, um parqueamento de bicicletas e um sanitário público. A praça de táxis junto ao Teatro José Lúcio da Silva não sofrerá alterações. A empreitada decorre no âmbito do Programa Renovar Leiria, que abrange um conjunto de 19 acções de adaptação da cidade às novas exigências de utilização do espaço público impostas pela pandemia da Covid-19.
5. Requalificação do percurso Polis
Com um custo a rondar um milhão de euros, a empreitada contempla a definição de duas faixas para bicicletas e uma para pões, a criação de um passadiço em madeira junto à cascata existente nas traseiras do Moinho de Papel e a repavimentação do percurso ao longo de quase dois quilómetros, compreendidos entre o pavilhão da Juve, em São Romão, e a ponte Hintze Ribeiro.
Está também prevista a reformulação e o reforço da rede eléctrica, assim como do mobiliário urbano, a instalação de bebedouros para pessoas e animais e de um parque infantil junto ao skate park da Guimarota.
Recentemente, o vereador das Obras Municipais, Ricardo Santos, referiu em reunião de Câmara que o troço entre a Vala Real e a Ponte dos Caniços abrirá “entre a primeira e a segunda semana de Outubro”. Os restantes dois troços, até ao pavilhão da Juve, em São Romão, só ficarão concluídos entre o final do ano e Fevereiro de 2021.
6. Reabilitação da avenida N.ª Sr.ª de Fátima e envolvente
A colocação de painéis com indicação dos lugares de estacionamento disponíveis em tempo real, um sistema de gestão das ilhas ecológicas, o reforço de postos de carregamento para veículos e bicicletas eléctricas e o controlo da intensidade da iluminação pública são algumas das inovações que farão das avenidas Nossa Senhora de Fátima e General Humberto Delgado as primeiras artérias “tecnológicas” de Leiria.
Iniciada há um ano, a requalificação deste eixo urbano representa um investimento a rondar os 3,8 milhões de euros (com IVA). Isto porque, ao valor inicial da adjudicação, foram acrescentados novos trabalhos, estimados em 650 mil. A intervenção contempla algumas alterações ao trânsito, com a imposição de sentido único nas duas artérias, com excepção de um troço na Nossa Senhora de Fátima, entre a rotunda do McDonald’s e a rua João Paulo II (Tribunal Administrativo e Fiscal).
Haverá substituição do piso, remodelação de redes de saneamento, água e pluviais, criação de ciclovia, de zonas de passeio alargadas (mais 5.300 metros quadrados de área pedonal) e de uma via kiss&drive junto ao Jardim- Escola João de Deus. Segundo a Câmara, o número de lugares de estacionamento nas duas avenidas e ruas envolventes passará de 219 para 340 lugares.
7. Requalificação do mercado municipal
A concentração dos vendedores num único espaço – piso térreo do bloco poente, que será o coração do mercado –, a construção de uma pala junto ao alçado Sul (virado para a rotunda de acesso ao estádio) e a instalação de startup no piso superior são algumas soluções preconizadas pelo projecto de requalificação do Mercado Municipal de Leiria.
Iniciadas no final do ano passado, as obras pretendem “solucionar, de vez, os graves problemas de controlo higieno-sanitários e as deficiências estruturais e de funcionamento” do espaço. O projecto prevê que todas as lojas tenham montra para o exterior e que haja uma zona de esplanada, para cafetaria e restauração, a criar na fachada Sul do piso térreo.
A empreitada, adjudicada por cerca de 3,5 milhões de euros (acrescidos de IVA), deixa de fora a requalificação interior do edifício nascente, onde funciona o centro associativo e os talhos, que terá intervenções ao nível das fachadas e cobertura e que recebeu pequenas obras para poder acolher o mercado provisório.
8. Pavimentações em cinco zonas da cidade
A par das intervenções de maior vulto em curso, foram iniciados na semana passada repavimentações em cinco zonas da cidade, abrangendo mais de uma dezena de ruas. Com um investimento orçado em 323 mil euros, as obras terão a duração estimada em 90 dias.
A empreitada prevê intervenções nas seguintes zonas: rotunda do estádio e rua Capitão Mouzinho de Albuquerque; rotunda do sinaleiro e rua de Tomar e artérias envolventes; ruas Paulo VI e de Santo André; avenida Heróis de Angola; e rua dos Mártires e largo da República. Os trabalhos vão prolongar-se por três meses, mas a estimativa da Câmara é que a interrupção do trânsito, que será necessária em algumas fases da obra, “não ultrapasse os dois dias em cada uma das ruas”.