“Não é uma coisa de massas”, admite Sal Nunkachov. “Não espero que seja um fenómeno”. No entanto, “é interessante dar a conhecer” e ir “ao encontro das pessoas” com nomes internacionais como Cia Rinne e Christian Bök, realça o editor, que está a organizar um evento em Leiria dedicado inteiramente a poesia concreta e sonora.
Letra, mostra de autores e performers organizada pela Paper View, de que Sal Nunkachov é fundador, acontece a 30 de Novembro, com exposições, lançamentos e leituras.
Com raízes nas primeiras décadas do século XX, a poesia sonora e a poesia concreta surgem no contexto de movimentos experimentais e de vanguarda. Nem sempre a poesia sonora faz uso da palavra, lembra Sal Nunkachov, pelo contrário, é o fonema que se sobrepõe aos valores semânticos e sintáticos. Do mesmo modo, na poesia concreta, é a letra (e não a palavra) o maior reduto da expressão escrita e da ocupação do espaço.
Em jeito de terceiro aniversário da livraria e galeria Paper View, onde também se produzem e editam publicações com recurso a técnicas e equipamentos obsoletos, no próximo dia 30 de Novembro o festival Letra tem o primeiro momento na galeria Quattro, onde, pelas 15 horas, é inaugurada a exposição Concreta, a partir do arquivo de Fernando Aguiar, em que estão representados autores nacionais e internacionais. Uma hora mais tarde, na Paper View, é inaugurada outra exposição, também com autores nacionais e internacionais e baseada nos arquivos de Fernando Aguiar e Sal Nunkachov, que coloca em destaque objectos de circulação doméstica como livros, cassetes, fanzines e vinis.
Pelas 17 horas, o programa prossegue no Museu de Leiria, com Trocabulário, de Fernando Aguiar, leituras e lançamento de cassete, e, às 18 horas, Paula Cortes lê Emma Santos.
Na livraria Arquivo, às 19:30 horas, a sueca Cia Rinne lê Notes For Soloists, enquanto na antiga galeria M estão previstas duas actividades: às 22 horas, Letras Para Dance Music, de Nuno Moura (com Jorge Nunes), leituras e lançamento de cassete, e, a seguir, Umlaut Machine, pelo canadiano Christian Bök, leituras e lançamento do vinil, que é editado pela Hearsay, o departamento sonoro da Paper View.
A jornada encerra no Atlas, depois das 23 horas, com o lançamento de outra cassete, e mais leituras, a partir do trabalho de Carolina Drave e Simão Collares.