Serve a crónica deste mês para ser mais larga do que a apresentação dum só livro. Não deixando este, porém, de ser importante por si próprio. Mas contextualizemos.
A Mafalda Brito e o Rui Pedro Lourenço são os mentores deste projecto, a editora Barca do Inferno. É uma das três que orgulhosamente figura no panorama das editoras independentes na região de Leiria.
A ideia de constituírem com humor e ilustrações, textos sobre figuras incontornáveis da cultura e do imaginário luso, ofereceu-nos livros para toda a família, fosse para os miúdos conhecerem com rigor a história, fosse para os graúdos preencherem a memória com factos. A viagem é como naquela da barca de Gil Vicente, que com sátira, cor e graça, propõe um caminho decidido de transformação em relação ao presente, e neste caso, em relação ao passado histórico. São exemplos, Júlio Pomar, Amadeo de Souza Cardoso, Maria Keil, entre outros, tendo sido estes incluídos no plano nacional de leitura.
Os textos duma minúcia arrebatadora, são da Mafalda, e as ilustrações do Rui Pedro, que nos trazem nessa saudade de criança os filmes animados apresentados pelo Vasco Granja, e às crianças referências estéticas de crescerem amigos do desenho, da arte, do conhecimento, mas sobretudo do que será a busca da verdade com mente crítica.
E é na última edição que pontifica uma das figuras que mais lutou pela liberdade de expressão, pela igualdade de direitos e pelo valor inalienável dessa busca da verdade.
Maria Lamas, foi escritora, tradutora, jornalista, e conhecida activista política feminista portuguesa. “Na verdade, foi adulta ainda menina, mas sempre menina enquanto adulta. Guardou dentro de si uma curiosidade gigante, a felicidade das coisas simples e a vontade de viver apaixonada: por uma ideia, por uma pessoa, por um sonho, pela vida”.