Nasceu no Porto em Junho de 1967. Além de poeta e tradutor, é médico e publicou o seu primeiro livro em 1989, Há Violinos na Tribo.
Com mais algumas obras publicadas, sempre dedicado à poesia, desenvolveu nos últimos anos obras de grande relevância a nível nacional e internacional, destacando-se o Prémio Pessoa em 2022. Tiveram bastante impacto, Movimento (2020, Grande Prémio Literaturas DST), Aberto Todos os Dias (2023, Prémio Literário Glória de Sant’Anna) e Poesia Reunida (2023).
Uma vez mais me deixo fascinar pelo tom coloquial e de extremo cuidado ao detalhe de JLBG, quase escatológico em certos momentos, levando-nos a viajar pelo mundo contemporâneo, como se a poesia fosse comando de bordo, e seus olhos no terreno. Ver com olhos de poeta, libertando-nos a presenciar o bem e o mal do mundo, livres da dor, mas ambuídos de empatia.
Esta claridade que nos faz deslindar que “nem tudo precisa ser exactamente aquilo para que foi desenhado. É o que a manhã trará o que mais nos inquieta (se o tempo rouba em beleza o que devolve em bondade)”. Tornar a imaterialidade tangível.
Detectarmos os tempos dum quase-fim, apocalíptico, com um toque de ironia, sem nos afastarmos da seriedade dos acontecimentos mundanos. “Ali vai a ela (a bomba) a caminho da explosão. Um prodígio da aeronáutica. Vê-se que vai com vontade […] a correr bem espalhará uam magnífica explosão. […] é uma bomba obediente. Não vai para ali a cismar com as vilas que arrasará (as pontes que irá derruir) crianças sem vida e sem tecto”.
E também se fala da má sorte do amor, desabrigado e perdido algures. “O amor quer assentar mas não tem casa […] arrasta-se por quartos […] onde o amor pode ser provisoriamente amor […] só não lhe falta o nome”.
Que nesta época a claridade venha de dentro e o nome amor faça casa nas gentes pelos dias corridos.