Tainted Love é uma expressão que se pode retirar duma música originalmente criada por Ed Cobb e interpretada por Gloria Jones em 1965, mais tarde interpretada pela band synth-pop Soft Cell em 1981. O contexto desta música dá o mote para esta obra de 2023, criando uma ligação de vários géneros e em várias épocas, abordando os aspectos mais intricados, que advêm das relações que um dia pareciam perfeitas, divinais e duradouras, para se transformarem em desilusões de amor, de amargo de boca, desencanto e dor.
Alex Coles, professor na Escola de Arte e Humanidades da Universidade de Huddersfield, escreveu DesignArt (Tate, 2005) e Crooner (Reaktion, 2023) entre outros, aborda estas canções e aspectos dos relacionamentos interpessoais com enorme profundidade e sensibilidade, levando-nos a revisitar as canções e a encontrar nelas uma beleza ainda desconhecida, mesmo que no meio da dessa mesma desilusão e desencanto.
Tive o grato prazer de encontrar este livro à venda em Barcelona, numa pequena loja de discos, e que para além de me ter cativado por escrever sobre música, é também muito interessante por dissecar a forma como as canções foram criadas e produzidas, para plasmarem as emoções nas letras e nos serem devolvidas com essa força. Muitas vezes autores em duetos e essa sua relação, versões adaptadas a um estado de dor, a perda, o escárnio, a ausência, mas sempre o amor, que por mais abalado, transfigurado ou abatido, é combustível para acender paixões por via da arte incrível que é a poesia nas canções.
Tem 11 capítulos, que passam por autores como Kendrick Lamar “Love”, Nina Simone “Baltimore”, The Velvet Underground “The Gift”, Soft Cell “Tainted Love”, Charlotte e Serge Gainsbourg “Lemon Incest”, PJ Harvey e Nick Cave “Henry Lee”, etc. Dica: ao ler ouvir as canções e as demais que alimentam o contexto; criar uma playlist para os dias cinzentos e os de esperança. O livro está escrito em inglês, não se conhecendo uma edição em língua portuguesa, estando disponível nos sites de distribuição mundial.