Pablo Neruda é conhecido como um dos poetas latinos mais românticos e intensos. Em 1924 encontrou quem lhe publicasse Viente poemas de amor y una canción desesperada. Este trabalho foi muito bem recebido pelo público e conservou a sua popularidade ao longo dos anos. Aos vinte anos e com dois livros publicados, Neruda tornou-se o poeta chileno mais conhecido. Abandonou os estudos de francês para se dedicar inteiramente à poesia.
Faço o elogio ao poeta mais uma vez neste espaço, bem como à amizade e o amor. A oferenda que é a mesma e que sobrevoa mares e tempos, demonstra bem como se pode viver intensamente uma história de amizade e de proximidade. É tangível apesar de viajar anos-luz, sem corpo e sem presença. Mas presente, contudo. O amor de ser mais do que estar.
Quando se oferece poesia, em cartas de amor, em livros, em viagens, em encontros ou na saudade, sabemo-nos eternos. Mesmo não permanecendo corpóreos. Mesmo não cruzando olhares. Mesmo não voltando a estar no mesmo espaço físico.
E merecem os seres gentis, cruzarem céus que não sejam polvilhados por mísseis, por argumentos onde a palavra é semântica e manipulação. A poesia e o amor, movem-se nos sinais claros, invisíveis aos senhores das palavras inócuas e populistas e das políticas separatistas. Falamos de trazer mares à mesma cama, de trazer céus à mesma chama, de clamar amor em detrimento do ódio e do poder desmedido.
“Tua lembrança emerge da noite em que estou / O rio junto ao mar seu lamento obstinado
Abandonado como os portos na alvorada / E a hora de partir, oh abandonado!
Sobre o meu coração chovem frias corolas / Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos!
Em ti se acumularam as guerras e os voos / De ti alçaram asas os pássaros do canto”