O que a fez aceitar o convite da Casa da Cultura da Maceira (Leiria) para participar no Simpósio Internacional da Floresta – Escultura em Madeira (SIF’18), evento que decorre, na Villa Portela, em Leiria, de 23 a 29 de Julho, com o tema A arte depois das cinzas?
Decidi aceitar o convite por recomendação de um grande amigo. Acredito que irá ser um evento interessante. O tema também é interessante – vivo na Galiza há dez anos e aqui também temos muitos pro-blemas com os fogos florestais. O SIF’18 vai permitir explorar esta que é uma ideia bonita para criar arte a partir da madeira queimada e prolongar a vida útil dessa madeira.
Pode descrever um pouco da peça escultórica que irá criar durante o SIF’18?
A maior parte dos meus trabalhos são inspirados na Natureza. Num contraste com o fogo – decidi fazer uma escultura assente na ideia da água -, a água da qual somos fruto e a água sem a qual não conseguimos viver. A beleza, a energia e o movimento desse líquido precioso e essencial para a vida.
A madeira é um material orgânico e vivo, ao utilizar esta matéria-prima para criar arte e formar, é, do seu ponto de vista, uma forma de homenagear o ser vivo que, um dia, se ergueu nas alturas, debaixo do sol?
em madeira, uma vez que é o único material que usamos, que nasceu, cresceu e esteve vivo, antes de ser moldado. Usar madeira para criar peças de arte, é um desafio e uma grande responsabilidade, ao mesmo tempo.
Sendo uma artista que já trabalhou com diversos materiais, quais são os que mais aprecia utilizar no seu processo criativo?
A madeira. Tenho de dizer que é uma das minhas matérias-primas favoritas para trabalhar. Acredito que é, essencialmente, devido ao seu calor natural e, provavelmente, porque é aquele material com o qual tenho maior experiência de uso. Iniciei-me a fazer trabalhos em escultura, com madeira, há muitos anos, ainda na escola de artes e, mais tarde, já no conservatório de artes. Também gosto bastante de trabalhar a pedra mármore.
E qual foi o material mais delicado a que já teve oportunidade de dar forma?
Tenho de admitir que, inicialmente, tive bastantes dificuldades em trabalhar com pedra, neve, gelo e areia pela primeira vez, porque não conhecia bem os materiais, as ferramentas e como usar essas matérias-primas. Agora, após muitos projectos, e depois de me ter familiarizado com matérias-primas e ferramentas, já gosto de os moldar e tiro muita satisfação do processo de concepção.
Que características mais a atraem quando está a esculpir?
São as formas em três dimensões, é o toque e as texturas? Normalmente, quando inicio uma nova escultura, Já sei o que vou criar. E é uma combinação entre as formas, as texturas e as cores…
Sente necessidade de misturar manifestações artísticas díspares, como a pintura e a escultura, nos seus trabalhos?
Por vezes, uso pintura nas minhas peças de esculturas, mas é apenas mais um suporte para a forma – para definir a profundidade e o contraste. Também gostaria de me dedicar à pintura, no futuro, mantendo sempre uma ligação com a escultura, mas, por enquanto, ainda não tive tempo para me dedicar a essa outra forma de arte.
Alguma vez passou pela cidade de Leiria?
Já estive na cidade há vários anos – é uma localidade bonita – e tenho muitos amigos portugueses. Penso que o SIF’18 será uma excelente semana para trabalharmos todos em conjunto no simpósio da floresta.
Uma búlgara apaixonada pela Galiza
Liliya Pobornikova, 38 anos, é uma escultora de nacionalidade búlgara que vive em Espanha e que, desde 1994, tem trabalhado em diversos materiais, da cerâmica à pedra e madeira. No campo da fotografia conta também com vários prémios na sua bagagem. As suas obras já foram admiradas em museus de todo o Mundo, do Brasil a Taiwan. Estudou Escultura em Madeira no ensino secundário, em Tryavna, Bulgária, tendo-se licenciado na mesma área na Academia Nacional de Artes, de Sofia. Em 2008, concluiu o mestrado também em Escultura em Madeira, na mesma instituição de ensino.