Retirar lixo do fundo do mar, da costa de Peniche, para que seja reciclado e incorporado em novos produtos, nas indústrias de plástico, é o propósito da JustDive (escola de mergulho profissional de Peniche) e da Bitcliq (empresa tecnológica de Caldas da Rainha), que, com esse objectivo, se juntaram, em consórcio, com o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (da Universidade do Minho) e a Neutroplast (produtor de embalagens farmacêuticas de Sobral Monte Agraço).
O projecto SeaRubbish2Cap arrancou há cerca de um ano e, a meio do processo, já estabeleceu metas: remover cinco toneladas de lixo plástico da costa de Peniche, 2,5 das quais a transformar em produtos de valor acrescentado para o sector dos plásticos. Mas a ideia é que este projecto-piloto possa ganhar escala e ser replicado noutros pontos da costa.
Pedro Ramalhete, CEO da JustDive, explica ao nosso jornal que os mergulhadores [LER_MAIS]desta escola já há muito tinham verificado uma grande quantidade de artes de pesca depositadas no fundo do mar. Quando se cruzaram com a Neutroplast, que também tinha interesse em fazer produtos com recurso a material plástico reciclado, o projecto começou a desenhar-se.
Enquanto a JustDive irá tratar da recolha, a Bitcliq irá desenvolver uma aplicação para smartphone que permitirá criar o registo e geolocalização das artes de pescas perdidas, conta Pedro Manuel, administrador da empresa de Caldas da Rainha. Além da localização, esta tecnologia possibilitará introduzir dados como a quantidade e a tipologia dos produtos retirados do oceano, bem como dos vários materiais que os compõem, o que possibilitará às indústrias calcular antecipadamente quanto material reciclado poderão obter, acrescenta Pedro Manuel.
Parcerias internacionais
O SeaRubbish2Cap tem como objectivo a recuperação de lixo plástico recuperado do fundo do oceano e a criação de sistema de economia circular em circuito fechado, que permita a reutilização deste desperdício em novos produtos e, por essa via, gerar um impacto ambiental positivo e económico a todos os stakeholders do sector marinho-marítimo.
O Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros salienta no seu site que o SeaRubbish2Cap venceu o Prémio Inova+, na categoria Business Excellence, na área de sustentabilidade de recursos naturais e ecossistemas.
É financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega, através do Programa Crescimento Azul dos EEA Grants. Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-membros da União Europeia.
“Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um mecanismo financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants.
Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros”, informa a mesma fonte.