Quando, com um ano e meio, Lucas foi diagnosticado com autismo, o mundo dos pais desabou. Mas o medo inicial acabou por se transformar em força e com “muito apoio” e terapia, o menino tem feito o seu percurso. Frequenta hoje o 5.º ano, integrado na mesma turma que o acompanha desde o início do 1.º ciclo, que frequentou no EB1JI da Cruz da Areia, em Leiria. A história de Lucas inspirou a mãe, Vera Catarino, a escrever um livro infantil, que relata a forma como foi integrado “com sucesso” na turma, com a ajuda das outras crianças.
Com o título “Afinal somos todos iguais”, o livro procura “desmistificar a presença de uma criança com autismo numa turma” e mostrar que a integração “é possível”, explica Vera Catarino, que aponta o caso do filho como “um exemplo de que ter uma criança com autismo na mesma sala que alunos ditos normais não é problema”.
“É importante para todos. Uns aprendem a lidar com diferença. No caso do Lucas, o querer seguir o exemplo dos outros meninos e a motivação que estes lhe dão, ajuda-o a evoluir”, afirma a mãe, enaltecendo o facto de os colegas “puxarem” pelo filho, que “mal fala” e que tem “atraso de desenvolvimento”. “Sempre que ia ao quadro e fazia algo bem, era aplaudido. Outra vez, quando o viram jogar pingue-pongue foram chamar a professora, para que ela visse o que ele conseguia fazer. São gestos que fazem diferença”, assinala.
Vera Catarino destaca também papel que as professoras – titular e de ensino especial – tiveram no processo. “Houve um grande trabalho para esta inclusão. Mas resultou”, avança, revelando que a experiência de “sucesso” do 1.º ciclo foi “fundamental” para a integração no 2.º ciclo, que aconteceu este ano lectivo e que implicou a mudança de estabelecimento de ensino, com Lucas a frequentar agora a EB2,3 José Saraiva. Também aqui, mais uma vez, houve uma intervenção decisiva do corpo docente ao manter o menino na mesma turma.
O livro, que relata um dia na escola de uma criança com autismo e a ajuda que recebe dos colegas, fala também das profissões que cada um pretende ter no futuro, com o objectivo de “mostrar que todos irão precisar uns dos outros”, refere Vera Catarino, que, no ano passado, ganhou o concurso de poesia da Casa Museu Afonso Lopes Vieira, com o poema “Quando eu morrer”.
Editado pela Cordel de Prata, o livro pode ser adquirido online, no sites da editora, mas também da Bertrand e da Wook.