Entre os mais antigos, é apontado como o que funciona melhor. Mesmo assim, das 110 lojas do centro comercial Maringá, no centro de Leiria, mais de 20 estão fechadas. À semelhança deste, também nos outros abertos nas décadas de 1980/1990 (D. Dinis, Lis, Shopping 2000, S. Francisco e Sol Leiria) há muitos espaços encerrados. O JORNAL DE LEIRIA fez as contas e apurou que das cerca de 480 lojas existentes nestes centros, 57% estão encerradas.
Com 30 anos de existência, o Maringá tem cerca de 25 lojas fechadas, todas no primeiro andar. Susana Korrodi, um dos elementos da administração, reconhece que o desejável seria que todos os espaços estivessem abertos, mas lembra que “há cenários piores” noutros centros comerciais da cidade. Afirma que a administração tem feito o possível para dinamizar o local, mas frisa que é difícil impor regras como as que norteiam os shoppings mais recentes. Nestes, o proprietário é um e os lojistas “têm de se sujeitar” às regras; no Maringá “cada loja tem o seu dono”.
Das 80 lojas existentes entre os pisos três e seis do D. Dinis, 51 estão fechadas. A estas juntam-se mais dez que acolhem negócios, mas nem sempre estão abertas ao público. Um cenário “desolador”, admite Rui Ribeiro, administrador do edifício, que afirma que tem sido feito um esforço no sentido de sensibilizar os proprietários para a importância de reduzir o valor das rendas.
O responsável lembra que muitos serviços abandonaram o centro da cidade, levando à redução do número de pessoas na zona, e que a oferta dos centros comerciais mais antigos nem sempre se foi actualizando. Na sua opinião, a criação de estúdios para músicos num dos pisos do D. Dinis seria uma forma de o dinamizar e atrair pessoas.
“Quanto mais lojas estiverem fechadas, menos pessoas entram no centro”, considera uma das lojistas do D. Dinis, que refere ainda a “decadência” que o espaço tem registado ao longo dos anos. Na sua opinião, um dos factores que levam a que cada centro tenha cada vez menos clientes é haver “demasiada oferta”. Depois da abertura do Leiriashopping “a situação piorou”.
Desde a abertura do centro comercial, há mais de 30 anos, que Helena Chavinha tem uma loja no D. Dinis. Nota uma “grande diferença”, uma “quebra muito grande” no negócio, porque “as pessoas deixaram de ir” àquele espaço, o que se agravou depois da abertura do Leiriashopping. “Somos cada vez menos, alguns pisos estão às moscas”.
Aberto em 1994, o S. Francisco conta com 33 lojas. Sete estão fechadas. Fonte da empresa que faz a gestão administrativa diz que têm sido desenvolvidos esforços para dinamizar o espaço e considera que a escassez de estacionamento gratuito na cidade, a crise e a concorrência do Leiriashopping afastaram clientes dos espaços mais antigos.
Também no Shopping 2000 várias das 59 lojas estão fechadas. Situam-se sobretudo no piso dois. A poucos metros deste centro comercial, encontra-se o Lis, onde estão a funcionar 12 negócios, de um total de 37 lojas. Maria de Lurdes, responsável por uma loja neste local, diz que “há poucos clientes” e pondera ainda se reabre o espaço depois das férias.
Após 30 anos a funcionar no Lis, a Tecnolab saiu e instalou-se numa loja de rua ali perto. “Ao Lis não iam pessoas, estava na hora de mudar”, explica Filomena Sousa, adiantando que a empresa precisava de captar mais clientes além dos habituais. Na sua opinião, há que tentar instalar nos centros comerciais mais antigos escritórios e outros serviços que atraiam pessoas.
“Funcionou bem, mas agora está velhote”, reconhece a proprietária de uma loja no Lis, que aponta a crise e o Leiriashopping como dois dos motivos para o afastamento de clientes deste centro comercial.
[LER_MAIS] Anunciado como um empreendimento que viria revolucionar o comércio em Leiria, o Sol Leiria fechou pouco tempo depois de abrir as primeiras lojas, na década de 1990. Hoje, das cerca de 160 lojas apenas quatro estão ocupadas, pela empresa Donsília, porque têm acesso directo a partir da rua e a gerência conseguiu obter as devidas licenças, explica Virgílio Gaspar.
Os outros proprietários encontram-se impedidos de aceder às suas lojas – “não posso vender, arrendar ou mesmo oferecer, lamenta um deles ao JORNAL DE LEIRIA” – mas têm de pagar IMI todos os anos. O Sol Leiria não tem licença de utilização, explica fonte da empresa que administra o condomínio, referindo que se a sua obtenção teria sido relativamente fácil há cerca de 15 anos, porque em falta estaria pouco mais do que a criação de acessos para deficientes, hoje exigiria a realização de “obras de vulto”.
Mais recentes, mas também com lojas fechadas
O cenário de lojas fechadas não é exclusivo nos centros comerciais mais antigos. Também aqueles que abriram em Leiria a partir de 2000 têm espaços encerrados. Situado no Barruivo, o complexo Cinema City foi um investimento superior a 30 milhões de euros. Os primeiros negócios abriram em meados de 2007. Tem 34 lojas, todas fechadas. Apenas funcionam algumas das salas de cinema e o bar de apoio. A parte comercial pertence a um banco, segundo foi possível apurar. A de lazer à New Lineo Cinemas. Até ao fecho da edição não foi possível ouvir nenhuma das duas entidades.
Em 2015, foi noticiado que o edifício estava à venda por 12,7 milhões de euros no Imovirtual. A funcionar há 13 anos, as Galerias Jardins do Lis também têm lojas fechadas. Contámos sete, a administradora fala em três e garante que “é fácil” encontrar interessados para substituir os negócios que encerram. “Vai abrir uma loja nova, num local que tinha fechado há apenas quatro meses”. A responsável afirma que se trata de um centro comercial com dinâmica, boas esplanadas que atraem pessoas e com eventos.
No Leiria Plaza (na foto), junto à Câmara, a primeira loja abriu em Novembro de 2014, seguiram-se outras no início de 2015. A funcionar estão hoje 15 negócios, sendo que alguns ocupam mais do que uma das 45 lojas existentes. Maria Santos tem uma loja de roupa para criança no piso zero, o dos restaurantes, onde apenas dois funcionam, à hora das refeições, e admite que se as coisas não melhorarem “qualquer dia” fecha. Ouviu dizer que talvez abra um ginásio no Leiria Plaza e mostra-se esperançada que isso leve mais clientes ao centro comercial. Sem confirmar esta possibilidade, o administrador do espaço garante que a administração “está a tentar encontrar solução para as lojas fechadas”.