“Se soubesse que a água não estava boa, tínhamos ido antes ao mar”. Esta foi a reacção de Cláudia Nobre, de Tomar, que esta segunda- feira brincava com três crianças no ribeiro de São Pedro de Moel, desconhecendo que aquela água é imprópria para banhos.
Também Regina Dias, de Santa Catarina da Serra, que aproveitava a manhã com o filho, junto ao ribeiro de São Pedro de Moel, ficou surpreendida com a notícia e reclamou avisos visíveis junto ao curso de água.
O alerta de que quer a foz do Rio Lis (Praia da Vieira) quer o ribeiro de São Pedro de Moel têm “água imprópria para banhos”, sem que nenhuma placa de aviso tivesse sido colocada no local, foi dado este sábado, dia 3, pelo MpM- Movimento pela Marinha Grande, através das redes sociais.
De acordo com o MpM, mediante os resultados das análises, a Unidade de Saúde Pública da Marinha Grande terá solicitado à Câmara Municipal que colocasse placards informativos junto aos cursos de água, alertando a população para o facto de se tratar de “água imprópria para banhos”. Terá feito esse pedido há mais de um mês, dia 2 de Julho, solicitação que reforçou dia 27 de Julho e ainda dia 1 de Agosto. Contudo, relata o MpM, “em 2 de Agosto respondeu o Gabinete da Presidência a dizer que não tinha feito os placards, porque os dois trabalhadores de carpintaria não estavam aotrabalho por motivo de doença”.
A Autarquia, por seu turno, admite ao JORNAL DE LEIRIA que “foi solicitado pela USP da Marinha Grande à Câmara Municipal – por email de 2 de Julho – a colocação de um alerta de 'água imprópria para banhos', destinado à população de banhistas e veraneantes”. Mas, nesse mesmo dia, explica a Câmara, “a ARH Centro – que detém o domínio público sobre o Rio Lis – vem esclarecer que 'os últimos resultados, da amostra colhida em 26/06/2018, apresentam valores abaixo da norma de qualidade estabelecida na legislação para as águas balneares costeiras' pelo que se considerou que não havia qualquer desconformidade a relevar”.
[LER_MAIS] “Sendo a definição de águas balneares e a sua monitorização da competência da APA/ARH que detém o domínio público sobre os recursos hídricos deu-se por fidedigna esta última informação recebida”, justifica a Autarquia. “Acresce que os locais em referência não são considerados como zona balnear identificada, de acordo com a Portaria n.º 118-A/2018, de 2 de Maio”, realça o Município. A autarquia relata ainda que, dia 27 de Julho, informou a USP da Marinha Grande que “naquele momento não seria possível afixar placards específicos na linha de água, mas que assim que possível seriam tomadas as medidas necessárias”.
Os primeiros avisos acabaram por ser afixados sábado, dia 3 de Agosto, tendo sido substituídos por outros segunda-feira, informa a Autarquia.
Câmara diz querer colaborar com autoridades
Enquanto o MpM defende que “está em risco a saúde pública, porque o executivo permanente não quer colaborar com a Autoridade de Saúde”, a Autarquia refere o inverso. “A Câmara Municipal está a acompanhar esta situação e irá promover a monitorização sistemática da qualidade das águas do rio Lis e do ribeiro de São Pedro, nomeadamente, através da realização de análises periódicas por forma a precaver qualquer situação que possa colocar em causa a Saúde Pública”, expõe o Município. E salienta ainda: “a Câmara Municipal está empenhada em cooperar com todas as autoridades com competência própria para actuar sobre o domínio público hídrico e marítimo, dentro do que são as suas competências e responsabilidades próprias, nunca se recusando a agir sempre que lhe é solicitado, e por várias vezes, substituindo-se até a essas mesmas autoridades, com competência própria, pelo que rejeita qualquer acusação – seja de quem for – que possa indiciar o contrário”. A Câmara lamenta que “o MpM tenha irresponsavelmente criado uma situação de alarmismo público, criando falsos medos na população em geral sobre a qualidade das águas balneares, quando o que está em causa é a água no rio que não é, nem nunca foi, uma água balnear