A falta de médicos de família e os receios que o problema se agrave motivaram, esta tarde, uma manifestação em Ourém. No protesto participaram cerca de uma centena e meia de pessoas, à mesma hora que o presidente da câmara reuniu em Lisboa com o secretário de Estado da Saúde, para falar dos problemas da saúde no concelho.
Segundo dados revelados, na semana passada, pelo presidente da autarquia, neste momento, existem cerca de 15 mil utentes sem médico de família no concelho. Mas, o receio da população é que o problema se agrave com a inclusão de Ourém na futura Unidade Local de Saúde (ULS) de Leiria. Isto porque, apesar de decisão ainda não estar tomada, alguns médicos já transmitiram aos utentes a intenção de pedirem a mobilidade para outras unidades por discordarem do modelo de gestão da ULS
“Se nos tiram os poucos médicos que temos, o que vai ser da nossa população?”, questiona Paula Simões, de 63 anos, que acredita que a adesão a uma ULS trará “pior acesso” aos cuidados de saúde primários. “É isso que concluiu a maioria dos estudos feitos nos últimos anos”, alega.
Amparada numa muleta, Carmo Simões envergava, na mão que tinha disponível, um cartaz com a frase ‘Queremos os nossos médicos’. “Temos de lutar pelos poucos médicos que ainda temos”, justificou a mulher, utente em Vilar dos Prazeres, onde o recém-renovado centro de saúde só tem clínico uma vez por semana.
Pior está Graça Vaz, inscrita na sede de concelho e que espera “há três anos” pela atribuição de médico de família. Resta-lhe fazer viagens “sem conta” à unidade de saúde, na esperança de conseguir uma consulta ou a prescrição de receituário. “Na semana passada, fui três vezes para conseguir receita. Sou hipertensa e precisava de ser acompanhada”, lamenta.
Manifestantes ocupam átrio da câmara
Os manifestantes concentraram-se em frente à Câmara de Ourém, exigindo ser recebidos pelo presidente da autarquia ou pela vereadora com o pelouro da saúde. Nem um, nem outro compareceram, levando os manifestantes a ocuparam pacificamente o átrio dos Paços do Concelho. A situação motivou a presença no local de vários agentes da PSP, mas não houve registo de qualquer incidente.
Um pequeno grupo de manifestantes acabou por reunir com a vice-presidente da câmara, Isabel Costa, que explicou que, a essa hora, o líder do município estava reunido com o secretário de Estado da Saúde, precisamente para “o sensibilizar para o grave problema” da falta de médicos no concelho.