Ainda só tem 15 anos, mas o futuro já se mostra risonho para Maria Rita Lopes. Há cinco anos que dedica grande parte do seu tempo ao andebol e os resultados estão à vista.
Natural de Fátima, o seu percurso começou na União Desportiva da Serra (UD Serra), depois de conhecer melhor o andebol durante uma aula de educação física no Centro de Estudos de Fátima (CEF). Afirma ser uma apaixonada por “todos os desportos” e, na altura, dedicava-se ao triatlo, mas quis “experimentar um desporto diferente”, longe de saber as oportunidades que o andebol traria.
Entrei no andebol a pensar que ia experimentar outro desporto e que não ia dar a lado nenhum. Foi um abre-olhos para mim”, confessa a atleta, que se prepara para mudar de vida na próxima época desportiva.
No início, admite, não era “uma craque” no andebol. Começou a jogar a pivô e, com “muito esforço e dedicação”, reparou que “começou a surgir o tal talento”. As oportunidades seguiram-se.
Depois de jogar num torneio em São Pedro do Sul, foi chamada pela selecção nacional de andebol para representar o país, ainda em sub-14. Há três anos que veste as cores de Portugal, dois deles como capitã de equipa.
A braçadeira de capitã funciona quase como o reconhecimento do trabalho desenvolvimento até agora e que, com 15 anos, sabe que ainda tem muito mais pela frente.
Quando joga pela selecção, o sentimento de nervosismo mistura-se com a paixão pelo andebol. “Na UD Serra já estou mais habituada, é a minha casa, mas a representar Portugal não posso errar tanto, tenho aquele sentimento de dúvida e um bocadinho de nervosismo.”
No entanto, é um meio onde “toda a gente se destaca” e existe “muita competitividade” nos treinos, o que permite melhorar cada técnica, dia após dia.
ABC Braga é o próximo destino
Já se sabe que as equipas femininas de andebol da UD Serra são um poço de talentos. Pelas sub-16, Maria Rita Lopes celebrou recentemente o título de campeã nacional, há muito ambicionado pela equipa, que nos últimos dois anos viu a taça escapar-lhe entre os dedos.
E é este ano que a jogadora vai deixar a UD Serra. Cerca de uma semana antes da outra fase final que o clube disputou, em sub-18, uma colega de selecção, que joga no ABC Braga, comentou que a equipa bracarense queria entrar em contacto com ela, com o objectivo de contratar a lateral esquerda.
“Achei que era uma grande experiência, mas estava um bocadinho indecisa porque seria o último ano com a minha equipa e ia ser difícil a adaptação”, conta.
As dúvidas dissiparam-se quando visitou o clube, que joga na 1.ª divisão de andebol, e percebeu todas as condições que tinha para oferecer.
Maria Rita Lopes vai mesmo mudar-se para Braga, residir num apartamento disponibilizado pelo clube, com colegas de equipa, e usufruir de “uma escola de alto rendimento e um ginásio fantástico”.
A atleta é sub-16, mas a contratação será para o plantel sénior, que acaba por ser uma “equipa jovem”, descreveu, já que a idade das jogadoras centra-se na faixa etária dos 20 anos.
Entusiasmada pelos treinos diários no ABC Braga, Maria Rita não pretende descurar os estudos. Também terá de mudar de escola para ingressar no 11.º ano, no curso de Ciências e Tecnologia. A média de 16 mostra que nada fica para trás, apesar de ser “difícil” conciliar o desporto com a escola.
Esta jovem não sabe se vai conseguir singrar no mundo do andebol, mas tem a certeza de que o andebol é um desporto que vai manter a vida toda. “Sei que não me vai dar sustento porque é um desporto muito difícil para seguir carreira, mas gostava, pelo menos, de tê-lo na minha vida como um hobby.”
Quanto ao futuro escolar, esclarece que é na área das engenharias físicas e da saúde que pretende continuar.
Daqui a menos de um mês (4 de Agosto), a atleta muda-se para Braga e sente-se “completamente” apoiada pelos antigos treinadores, dirigentes e colegas da UD Serra.
E se, alguma vez, tiver de defrontar as antigas colegas da UD Serra? “Vai ser estranho”, brinca, ao lembrar que esse cenário já aconteceu, num jogo em que alinhou pela selecção nacional.
Já quando encontra colegas da selecção do lado oposto do campo, admite que não sente “muita rivalidade com as adversárias”. “O meu treinador está sempre a dizer que peço desculpas muitas vezes”, afirma.
Joga a lateral esquerda e central e, nos momentos em que defende, o contacto físico é inevitável. Em situações mais agressivas, de contacto com as oponentes, que muitas vezes conhece, não consegue evitar dizer: “Desculpa, foi sem querer”. “Parece, às vezes, que não estou em jogo, mas tenho de estar porque tenho de manter a postura”.
É precisamente o “contacto e a intensidade do jogo” que atraem esta jovem atleta que, na próxima época, pretende manter as exibições de excelência.