A história é o “repositório dos factos”, já dizia Miguel de Cervantes, autor de Don Quixote, e é mesmo assim. Grandes revoluções, enormes tragédias, gigantescas descobertas para a humanidade, um recorde mundial de atletismo, ou apenas uma simples e discreta página nos anais do desporto do concelho da Marinha Grande, tudo, mas tudo, serve como “testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”.
Naquele território já houve grandes equipas de voleibol no Operário, de hóquei em patins e de basquetebol no Sporting, mas a honra suprema de representar a terra, pela primeira vez, nas competições europeias vai caber às miúdas do andebol da SIR 1.º de Maio.
E porquê? Porque chegaram às meias-finais do campeonato da 1.ª Divisão feminina da temporada passada, classificação que garantiu um lugar na terceira ronda da edição deste ano da Challenge Cup.
O adversário que calhou em sorte à SIR 1.º de Maio foi o Klubi Hendbollistik Shqiponja Gjakovë, do Kosovo. No entanto, como os custos de duas deslocações era acima do aceitável, as direcções partiram as despesas e decidiram fazer os dois jogos na Marinha Grande. Uma prática habitual nas rondas iniciais das competições internacionais de clubes.
Os desafios estão marcados para sábado (18 horas) e domingo (15 horas), no pavilhão Nery Capucho e o clube da casa, claro está, quer contar com um público entusiasta.
O objectivo é “passar a eliminatória e voltar a fazer história”, apesar de o treinador conhecer “muito pouco” das adversárias. “É um momento histórico, uma experiência fantástica para toda a estrutura do clube e um prémio para o bom campeonato que fizemos na temporada passada”, sublinha Paulo Félix, que pretende utilizar estes jogos para ver o plantel crescer, após um início de campeonato titubeante.
“Queremos aproveitar para crescer como equipa, pois tenho a perfeita noção de que podemos render muito mais do que estamos a mostrar. Independentemente do resultado, espero sair desta eliminatória muito mais forte. Vamos focar-nos em nós e no que temos a fazer enquanto equipa, mas acredito que há fortes possibilidades de chegar à ronda seguinte.”
[LER_MAIS] Paulo Félix, de 42 anos, tem uma longa experiência internacional, pois disputou por seis vezes as competições europeias, enquanto técnico do Colégio João de Barros, de Meirinhas, Pombal, tantas quantas as da internacional Telma Amado, que participou num total de 16 partidas, ao serviço da Juve Lis e do IBV, da Islândia.
Na região, é precisamente o emblema de Leiria aquele que tem mais experiência neste tipo de eventos, somando oito participações no palmarés.
Agora, Telma Amado quer ajudar a criar um facto novo na vida do clube e do concelho. “Não sendo uma estreia, é sempre importante e uma motivação extra participar nas competições europeias, sobretudo porque geralmente encontramos equipas mais fortes e outras realidades do andebol feminino, sendo, por isso, um desafio maior. Estas provas representam uma experiência de valor, porque permite-nos evoluir enquanto atletas e sobretudo como equipa. Esperamos fazer história.”