À imagem do que sucede no exterior, também as indústrias e os centros de investigação portugueses começam a aventurar-se na fabricação aditiva. A tecnologia existe no mercado há vários anos, mas os empresários começam agora a querer validar a tecnologia através da aplicação real. E o futuro, acreditam os fornecedores de software e de equipamentos para impressão em 3D, será mesmo de massificação desta forma de fabrico.
Carlos Moreira, gestor de produto de fabrico aditivo na Isicom, explica que voltar-se para o fabrico aditivo foi um percurso natural daquela empresa. Foi há sete anos que a Isicom começou a trabalhar neste campo, como forma de dar resposta aos problemas a que a fabricação por subtracção não respondia. Além de comercializar impressoras 3D aptas a trabalhar com vários materiais (plástico, metais, gesso, cera, entre outros) a Isicom disponibiliza técnicos certificados para prestar apoio e consultoria.
E as solicitações têm vindo a crescer, entre as indústrias de moldes, automóvel e metalurgia, e também junto de centros de ensino e de investigação, expõe Carlos Moreira, que acredita que a massificação desta tecnologia será “inevitável”.
“Até porque os produtos de consumo têm modelos que estão sistematicamente a ser substituídos por outros, de design diferente. E esta é uma forma de conseguir dar resposta rápida, além de que os preços tenderão a ser cada vez mais concorrenciais”, frisa o gestor de produto.
Esta é também a convicção de Carina Ramos, responsável do produto na 3D Ever, a representante das impressoras 3D da marca HP em Portugal, e que comercializa impressoras para produção de peças de plástico. “A tecnologia de impressão 3D existe há décadas, mas só agora começa a deixar de ser vista como método usado em protótipo, para ser vista como método produtivo.
E começa a massificar-se. Em Portugal, está-se numa fase em que as empresas estão a validar a tecnologia pela aplicação real”, defende a engenheira. “Lá fora, como no País, todos partilham o mesmo patamar. Ou seja, está-se em fase de estudo, para se perceber como o fabrico aditivo pode ser aplicado. Mas na região de Leiria, os moldes e os plásticos são os sectores que manifestam mais interesse.
Lá fora, há países onde a aplicação é bastante forte: Itália usa a tecnologia para construção de equipamentos e no ramo automóvel; a Alemanha usa-a na construção de máquinas e em medicina; e nos Estados Unidos é grande a solicitação para os domínios de ferramentas e máquinas e medicina. A generalização desta tecnologia nalgumas indústrias pode, contudo, ser atrasada pela ausência de certificações, indica Carina Ramos.
Bruno Sousa, gerente da TCA, também não tem dúvidas de que “a fabricação aditiva está cada vez mais representada industrialmente”. Representante de software e de equipamentos para impressão em 3D de peças plásticas, a TCA trabalha hoje com todos os sectores que desenvolvem produtos, desde plásticos, moldes, calçado, vidro ou cerâmica.
Adquirem máquinas de impressão ou subcontratam esse serviço à TCA, como forma de validar com prototipagem os artigos que depois vão lançar no mercado. Neste momento a tecnologia desenvolveu-se e começa a democratizar- se, ao ponto de já ser possível obter impressões a custo relativamente reduzido e com qualidade profissional, observa o gerente da empresa.