Fazer da Neorelva um dos seus centros de excelência para as embalagens industriais. É este um dos objectivos do grupo francês Massilly, que está disposto a integrar a empresa e a investir cerca de 15 milhões de euros em novos equipamentos industriais e de logística, novos moldes e tecnologias de informação que permitam melhorar a eficiência operacional, competitividade e condições laborais.
O investimento será feito na Marinha Grande (Neorelva Embalagens Plásticas) e em Vale de Cambra (Neorelva Embalagens Metálicas), mas para que tal aconteça o Processo Especial de Revitalização das empresas tem de ser homologado pelos credores.
O PER da empresa da Marinha Grande (onde trabalham 65 pessoas), já o foi, mas o mesmo tem de acontecer com o outro, explicou ao JORNAL DE LEIRIA Nuno Vilaça, presidente da Massilly Portugal. “Até ao final do ano os PER têm de transitar em julgado. O mercado não pára e não podemos andar anos em discussões judiciais”.
Caso o processo se arraste, a Massilly admite desistir do investimento em Portugal e investir nas unidades que tem em Espanha. Para já, o objectivo é ficar com a Neorelva e integrá-la no grupo, já que sendo especializada em embalagens industriais é vista como uma “mais-valia”. “Acreditamos que o know-how da Neorelva, nomeadamente na área das embalagens plásticas, pode ser uma mais-valia”, afirma o gestor.
[LER_MAIS] A Massilly é um dos principais clientes da Neorelva (absorvendo 30% da produção), mas também um dos principais credores, porque quando a empresa entrou em PER passou a “garantir os vectores críticos de valor de negócio”, como o pagamento da matéria- prima, dos salários e das contribuições sociais e fiscais. “Desde o início do processo já investimos quatro milhões de euros que, acreditamos, iremos recuperar. Se não o tivéssemos feito a empresa já teria fechado”, considera Nuno Vilaça.
O gestor acredita que “estão reunidas as condições” para que o tribunal homologue o PER e para que as formalidades estejam concluídas até final do ano. Isto apesar de três dos bancos credores terem pedido ao tribunal para não homologar o documento.
O PER foi apresentado a todos os credores, com o apoio da Massilly, no final de Julho, tendo sido votado até final de Agosto. “Este plano permite salvar mais de 200 postos de trabalho”, diz Nuno Vilaça. “Para Portugal esta iniciativa representa um caso de sucesso na internacionalização de um grupo industrial português de referência”, acrescenta.
Grupo familiar de fabrico de embalagens para tintas, revestimentos, vernizes, colas, óleos lubrificantes e produtos químicos diversos, a Neorelva tem duas empresas: Vale de Cambra e Marinha Grande, onde em 2004 comprou a VDS Plásticos.