Depois a primeira morte, que os jornais e televisões correram a saber quem tinha sido, antes de relegarem os restantes óbitos para o anonimato.
Os casos continuam a aumentar e a maior parte dos portugueses ficou em casa. Para dentro das paredes do lar, trouxemos os escritórios, as escolas, as oficinas e preserveramos.
Mas os fotojornalistas e repórteres de imagem continuam lá fora a fazer retratos de um país bloqueado, a olhar para as redes sociais e para a televisão.
À espera que a guerra acabe. Miguel Lopes, fotojornalista da Agência Lusa, e Gonçalo Borges Dias, fotógrafo numa agência, criaram a página de Instagram@Everydaycovid e convidaram outros profissionais a partilharem não o que aparece nos jornais e televisões, mas a sua visão deste acontecimento.
O fotógrafo Rui Miguel Pedrosa, de Leiria, é um dos editores deste projecto que conta, para já, com mais de 3500 seguidores, cerca de 200 fotografias, e a colaboração de mais de 80 fotógrafos e fotojornalistas.
O registo fotográfico é o do quotidiano de clausura, quebrado pelo odor sempre presente a álcool e a lixívia, mas “apurado” pelo capacidade de foco de quem, há muito, trabalha a imagem em todas as seus nuances, sombras e gradações do espectro visível.
É uma colectânea documental que, no futuro, irá permitir perceber à nossa espécie, que sempre floresceu em comunidade e definhou em isolamento, como foram estes tempos, dentro e fora de casa, longe um dos outros, à distância recomendada de metro e meio e sem toques de pele.