O Ministério Público (MP) arquivou o inquérito relativo à morte de um aluno do Politécnico de Leiria, em Abril, considerando que “terá sido de causa acidental” e concluindo pela “inexistência de indícios suficientes da prática de crime”.
“Do teor das conclusões do relatório da autópsia, das declarações prestadas pelas testemunhas e do exame ao local resulta que a morte de (…) terá sido de causa acidental, tendo este caído sobre a janela da marquise”, sustentou o MP, no despacho final datado de Junho e ao qual a agência Lusa teve agora acesso.
Ainda de acordo com o mesmo despacho, “assim, conclui-se pela inexistência de indícios suficientes da prática de crime”, pelo que foi determinado o arquivamento dos autos.
A morte do estudante, de 18 anos e que frequentava o 1.º ano do curso de Solicitadoria da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, ocorreu no dia 7 de Abril.
No dia seguinte, o Hospital de Santo André, em Leiria, revelou que o jovem deu entrada no dia 7, “no Serviço de Urgência Geral, em manobras de reanimação, com um quadro de choque hemorrágico e apresentava duas feridas na região axilar”, tendo o óbito sido declarado pelas 20 horas.
Em comunicado emitido no dia 7, o Comando Distrital de Leiria da Polícia de Segurança Pública (PSP) explicou que a chamada para o 112, número de emergência europeu, foi registada pelas 19:11, a dar conta da necessidade de assistência médica para um jovem que, “alegadamente, tinha sofrido um acidente doméstico, tendo sido accionada uma ambulância para o local”.
“Foi igualmente apurado que o jovem falecido apresentava lesões torácicas que poderiam estar relacionadas com a causa da morte”, adiantou a PSP, que remeteu a investigação para a Polícia Judiciária.
No despacho do Ministério Público lê-se também que, da inspecção judiciária realizada à residência onde vivia o aluno e mais dois colegas, constatou-se que “não havia sinais de desalinho ou luta, ainda eram visíveis alguns vestígios hemáticos, apesar de a senhoria ter procedido à limpeza do espaço”.
“Do que se logrou apurar, é possível que a vítima estivesse aos pulos na zona da cozinha e da marquise, se tenha desequilibrado e caído, de forma acidental, para cima da janela da marquise, cujo vidro se partiu em vários pedaços, com pontas bastante aguçadas”, referiu.
Quanto à autópsia, revelou que a morte se deveu a lesões traumáticas “complicadas de choque hipovolémico”, que “constituem causa adequada de morte”, podendo ter sido devida “a acidente doméstico com quebra de vidro”.
“Tendo por base os dados autópticos, médico-legalmente não é possível estabelecer um diagnóstico diferencial entre acidente e homicídio, nada se opondo a uma etiologia acidental”, acrescentou o MP.