A produção e exportações da indústria portuguesa de moldes, que tem na Marinha Grande um dos principais centros do produção do País, registaram o quarto melhor ano de sempre em 2019- Os dados constam do relatório anual da Cefamol – Associação Nacional da Indústria de Moldes, que acaba de ser divulgado.
Segundo o documento, citado pela agência Lusa, no ano passado a produção atingiu um valor estimado de 682 milhões de euros, contabilizando-se exportações no valor total estimado de 614 milhões, resultado das vendas para 84 países.
A Cefamol realça que 2019 foi “o quarto melhor ano de sempre da indústria em termos de produção e exportação”, demonstrando aqueles números “uma elevada capacidade de adaptação às necessidades dos seus clientes”, bem como “às evoluções, quer dos mercados, quer das tecnologias”.
A balança comercial também regista uma tendência de crescimento: de 248 milhões de euros em 2010, para 443 milhões de euros em 2019.
Entretanto, o sector já está a sofrer os efeitos da pandemia da Covid-1, que obrigou a mudanças na organização das empresas de moldes nacionais, que se ressentem da paragem da indústria automóvel.
“Grande parte dos clientes parou. Há uma ligação muito próxima do setor, como um todo, com a indústria automóvel, e temos visto nas notícias das últimas semanas que a indústria automóvel está paralisada”, diz o secretário-geral da Cefamol, Manuel Oliveira, à agência Lusa.
As 174 empresas representadas pela associação, num universo de 536 existentes no País que dão trabalho a 11 mil pessoas, continuam em actividade, sobretudo porque “têm projetos em curso e estão a respeitar os prazos acordados”.
Mas, nota o responsável da Cefamol, que tem sede na Marinha Grande, a tendência não é otimista, porque “não se perspetivam no curto prazo novas encomendas, como seria normal acontecer”.
A pandemia, contudo, apenas acelerou uma tendência. “Sobretudo no último ano e meio já vínhamos a sentir que a indústria automóvel está, progressivamente, a diminuir o lançamento de novos projetos”.
A indefinição a nível das motorizações, com hesitações entre as fontes de energia fóssil ou as alternativas, como a elétrica ou o hidrogénio, está no centro do problema.
“Já estávamos a sentir isso e agora a actual situação agrava sobremaneira por via do encerramento, ainda que temporário, das empresas que são nossas clientes. É difícil ter uma perspetiva do futuro, tendo em conta esta visão do mercado”, sublinha Manuel Oliveira.
A Cefamol regista a entrada de algumas unidades em lay-off, “ainda que parcial”, e todas tiveram de se adaptar internamente a novas normas de segurança interna, “para não colocar em risco os trabalhadores”.
“Cria novos desafios, até em termos organizacionais”, frisa o secretário-geral da associação, porque “nem todas as pessoas podem trabalhar ao mesmo tempo”, o que se reflete em quebra no fluxo de produção.