A Comissão da População do Picheleiro acusa a Lusiaves de desrespeitar uma providência cautelar que, entende, impõe a suspensão dos trabalhos de construção do aviário que o grupo de Leiria está a implantar naquela zona. Diz que não só as obras não pararam como até “foram objecto de aumento de ritmo, num frenesim inusitado”.
José Manuel Gregório, morador naquela localidade, sublinhou ao JORNAL DE LEIRIA que a zona de implantação do projecto “é sensível”, por ficar “encostada a uma área de reserva ecológica” e haver efeitos cumulativos a considerar. E que, por isso, o projecto deveria ter sido alvo de um estudo de impacto ambiental.
Em missiva enviada recentemente à Câmara de Leiria, a Comissão alertava para o facto de as obras não terem parado, “ao arrepio da decisão” do tribunal, e [LER_MAIS] questionava sobre o valor da coima aplicada pelo facto de o desaterro “ter sido feito ilegalmente” e se há diferenças entre o projecto a que a autarquia deu parecer favorável e o que a Comissão de Coordenação tinha chumbado.
Assuntos que já tinham sido colocados na última sessão da Assembleia Municipal, há cerca de um mês, ocasião em que a porta-voz da Comissão lamentou que a Câmara tenha dado parecer positivo ao projecto, apesar das preocupações da população do Picheleiro.
Na altura, a vereadora do Ambiente explicou que o licenciamento do aviário é da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente e da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro e lembrou que o parecer da autarquia elencou as situações a que as entidades competentes deveriam estar atentas.
Aviário para 59.900 galinhas
A instalação avícola em causa está a ser construída na Quinta do Picheleiro. Prevê a existência de 59.900 aves e uma produção anual média de 8,6 milhões de ovos. Serão criados dois grupos de cinco pavilhões. O JORNAL DE LEIRIA questionou a Lusiaves sobre as queixas da população, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.