Está aprovada a classificação do Mosteiro de Santa Maria de Coz, em Alcobaça, como monumento nacional.
A decisão foi tomada esta quinta-feira, em reunião do Conselho de Ministros dedicada ao sector da cultura.
Com esta classificação, atribuída a mais cinco imóveis do País, é reconhecida “o interesse dos bens enquanto testemunhos notáveis de vivências ou factos históricos”.
A par do Mosteiro de Coz, foram classificados o Seminário Maior de Coimbra, a Igreja de S. Miguel em Castelo Branco, a Villa Romana do Rabaçal, no concelho de Penela, o Povoado Fortificado de Cossourado, ou Forte da Cidade, em Paredes de Coura, Município de Vila Nova de Cerveira.
No caso do Mosteiro de Coz, a classificação abrange a Igreja de Santa Maria de Coz e parte do antigo dormitório e restantes dependências do mosteiro.
“Até que enfim. Finalmente fez-se justiça a este monumento”, desabafa Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça.
O autarca recorda que o Município tem “lutado bastante” por este reconhecimento ao monumento, que considera “uma pérola do património nacional, desconhecidos de muitos”.
Para Paulo Inácio, esta classificação, além de “justa e devida”, coloca agora “mais responsabilidade no Estado e em todos nós” na preservação do monumento.
Segundo o autarca, é “urgente” tratar do telhado, para “travar as infiltrações”. Depois, há a zona do antigo dormitório, sendo que, neste caso, existem “duas visões distintas”, uma que defende a “manutenção da ruína visitável e outra a sua recuperação”.
“Antes de tomar uma decisão, temos de fazer trabalhos arqueológicos, nomeadamente nas áreas que o Município adquiriu nos últimos anos: a zona das celas e espaços envolventes”, adianta Paulo Inácio.
O autarca sublinha que a Câmara já investiu “centenas de milhares de euros” no monumento e “vai continuar a fazê-lo”. Mas, frisa, agora “o Estado tem a obrigação de acompanhar este esforço.
O presidente da Câmara nota ainda que a classificação como monumento nacional “abre novas portas” a fundos comunitários para intervir no local.
Fundação do mosteiro remonta ao século XIII
A fundação do Mosteiro de Santa Maria de Coz “datará da primeira metade do século XIII” e estava destinado “a receber algumas viúvas devotas que asseguravam o funcionamento da poderosa abadia de Alcobaça”, pode ler-se no site da DGPC.
O ponto de viragem na vida da comunidade “deu-se em 1530, quando o mosteiro foi reconhecido pela Ordem de Cister, e elevado a abadia regular”. As edificações medievais, que “já haviam sofrido pelo menos uma grande intervenção, datada de 1519-27”, da qual o vestígio mais notável é o portal manuelino recolocado no extremo nascente do coro da igreja, tiveram mais obras no início da segunda metade do século XVI.
“Seguiu-se a grande empreitada da segunda metade do século XVII, da qual resultaram a imponente igreja actual, erguida entre 1669 e 1671, e a moderna feição do claustro e dos dormitórios. Nos anos seguintes, até 1716, concluiu-se a campanha decorativa barroca que dotou a igreja e seus anexos de altares de talha dourada, revestimentos azulejares e pintura”, acrescenta a informação da DGPC.
O período áureo da comunidade religiosa terminou com a destruição causada pelo terramoto de 1755, que desalojou as monjas, e com a extinção das Ordens religiosas, em 1834, “à qual se seguiram o saque generalizado e a ocupação desordenada dos espaços monásticos”.
A igreja, também conhecida por Mosteiro de Coz, está, desde 1946, classificada como Imóvel de Interesse Público, pelo que o desenvolvimento deste processo destina-se a conferir maior valor a todo o recinto monástico adquirido pelo município, bem como à própria igreja e a seu acervo artístico.