Há um momento em que o gosto pela música, pela arte e por uma boa conversa, servindo de digestivo à refeição, se transforma no projecto pessoal de Fernando Amado e da esposa, a cantora Cristina Nóbrega. O resultado é o Moz’Art – Kitchen & Gallery, que acaba de abrir na esplanada do parque verde de Porto de Mós e que junta a gastronomia, a arte e a música.
“O Moz’Art não é um restaurante. Ou melhor, é mais do que um restaurante”, começa por realçar Fernando Amado, que depois de ter feito carreira como bancário, integrou o projecto Boz’Art, uma galeria de arte que o juntou aos dois irmãos, Luís e Paulo.
Agora, arriscou-se por conta própria, num espaço que foi beber muito às suas memórias de infância e juventude, quer às refeições em família, confeccionadas pela mãe Preciosa e regadas com uma boa dose de conversa, quer ao ambiente de tertúlia que se vivia em alguns dos cafés da vila, onde “gente da mais variada condição social e ideológica se juntava em animados debates”.
Ora, é esse ambiente de conversa em torno da mesa que o Moz’Art quer potenciar, também com a realização de palestras, colóquios e conferências, “umas espontâneas, outras previamente preparadas”. Porque, frisa Fernando Amado, “mais importante do que o brilho dos ecrãs, é o brilho dos olhos e do diálogo, cara a cara”.
Como espaço ecléctico que pretende ser, o Moz’Art abre-se também à exposição de trabalhos artísticos, nomeadamente de jovens talentos que ali queiram mostrar as suas criações, e de artesanato.
A música, do jazz à bossa nova, passando pelos boleros e pelos sons mais alternativos, estará também em destaque no novo espaço, que contará com uma agenda cultural “regular”, com curadoria da fadista Cristina Nóbrega.
A agregar as várias valências do espaços está, como não podia deixar de ser, a gastronomia, também ela com um conceito “alternativo”, com o cliente a ter a oportunidade de, numa mesma refeição, escolher e degustar várias opções.
“A aposta são pequenos pratos, que tanto pode ser um caril de Moçambique, como um prato asiático ou sul-americano ou uma morcela de arroz. A ideia é que a pessoa prove um pouco de cada e que no final, saia almoçado ou jantado”, explica Fernando Amado, revelando que, numa fase posterior, serão servidas refeições de “forma mais convencional”.
Não faltarão também os bolos caseiros, com receitas da mãe Preciosa, nem o tradicional ‘café da avó’, acompanhado de filhós ou coscorão, iguarias que “não se vêem muito em espaços de restauração”.
No Moz’Art há ainda um ‘cantinho’ para pôr a leitura em dia, seja com um livro levado de casa seja ou com um dos exemplares disponibilizados numa estante.
No exterior, a ladear a esplanada, que tem vista para o castelo, foram plantadas algumas árvores autóctones, como medronheiro, loureiro, carvalho e limoeiro, e um canteiro, onde já foram semeadas ervas aromáticas que serão, depois, usadas na cozinha do restaurante.