Nos próximos dias, as primeiras canções de Mr. Gallini escritas em português (após anos a expressar-se em inglês) têm encontro com o público fora de fronteiras, bem longe de casa. A banda de um homem só protagonizada por Bruno Monteiro está a caminho de Itália para uma digressão de dez concertos que começa esta sexta-feira, 5 de Abril, a mais de dois mil quilómetros do ponto de partida, na aldeia de Pisões, onde também se encontram as raízes do nome do projecto, inspirado numa alcunha de família.
Na estrada, entre outros instrumentos que quase não pesam na bagagem, a guitarra, a harmónica e a pandeireta são a companhia do baterista dos Stone Dead que na versão Mr. Gallini explora um mapa de sonoridades country, folk, pop, rock, punk ou electrónica e geralmente se apresenta a solo, embora já tenha colaborado, por exemplo, com Alexandre Ramos, dos Hodgepodge.
Depois de, em anos anteriores, se ter dado a conhecer em Espanha e na Islândia, o músico (e artista visual) de Alcobaça regressa este mês aos palcos internacionais com actuações em Génova, Montefredente, Varese, Noale, Veneza, Pádova, Porcen, Osimo e Milão, antes do encerramento da tour, a acontecer em Roma numa terça-feira, 16 de Abril.
Na bagagem, Bruno Monteiro leva criações originais que deverão entrar no próximo álbum de Mr. Gallini, o terceiro longa duração, que prolonga o trabalho iniciado com Lovely Demos (2018) e The Organist (2019) e assim encerra o conjunto de edições Mr. Gallini’s Amazing Trilogy. “Certamente até ao fim do ano hei-de adiantar um single ou dois”, avança ao JORNAL DE LEIRIA, sobre o terceiro e derradeiro volume da trilogia. A data de lançamento do LP é ainda uma incógnita.
Próximo álbum
Bruno Monteiro mostra-se agora a cantar na língua-mãe, pela primeira vez, num registo “mais fiel” aos conteúdos que “espontaneamente” manifesta através de palavras a partir de um imaginário íntimo e pessoal. “Sentia que havia certos temas que não conseguia expressar completamente como eu queria em inglês e acabava por me sentir limitado”. Contas feitas, “muda bastante a forma de compor” e há “um estado de espírito diferente”, que vai além da métrica de cada verso ou da cadência que o materializa, mas no final do dia, assinala o músico de Alcobaça, “o importante é o todo”.
Durante os espectáculos em Itália, diante de plateias que, muito provavelmente, desconhecem o significado do texto vertido em cada canção, a música de Mr. Gallini enfrenta “um desafio interessante” que obriga a “apurar a expressão artística”, antevê o antigo estudante de Engenharia Mecânica (com mestrado em Multimédia depois da licenciatura) que aos 29 anos de idade volta a conquistar espaço fora de Portugal. “Estou entusiasmado porque vou finalmente comer comida italiana feita em Itália por italianos”.
Os próximos meses, por outro lado, deverão trazer novidades de Stone Dead, colectivo de que Bruno Monteiro é fundador e que prepara actualmente um novo álbum de estúdio.
Entre ensaios, gravações e concertos, o compositor e multi-instrumentista espera continuar a trabalhar como artista visual nas áreas do vídeo, animação, design e fotografia. Chama-lhe resiliência: “Manter-me no caminho em que quero estar”. Muito do que cria fica disponível nas redes sociais e também no site brunogallini.com.