Depois da aposta forte feita nos últimos anos, com o reforço do investimento em iluminação e animação natalícias, os município da região fazem agora uma inversão de estratégia. O enorme aumento dos custos energéticos, associado à crise provocada pela guerra na Ucrânia, obriga a medidas de restrição, com a redução do número de ruas iluminadas e das horas e dias em que as mesmas estarão ligadas.
Continua, no entanto, a aposta em programas de animação, como forma de manter vivo o espírito desta quadra e de apoio ao comércio local. Em Porto de Mós, o município decidiu não instalar qualquer iluminação, com excepção de “um pequeno apontamento” no Castelo para assinalar a data.
Uma medida que o presidente da câmara, Jorge Vala, justifica com a necessidade de poupar energia. “Não seria compreensível que, tendo nós adoptado medidas de contenção do consumo de electricidade, que incluíram a redução de horários de iluminação pública, gastássemos agora dinheiro em luzes de Natal”, alega.
O autarca adianta que a poupança conseguida será canalizada para outras iniciativas de apoio à população e para reforçar as verbas para pagar a conta de energia que tem atingido valores “absurdos”. Apesar de as ruas não estarem iluminadas, o município manterá o programa de animação da vila, com a realização da tradicional aldeia de Natal, este ano, sem pista de gelo.
Admitindo que o cancelamento da iluminação pode gerar insatisfação junto dos comerciantes, Jorge Vala pede “compreensão”. “Estamos a viver um momento excepcional. Já o vivemos no passado relativamente a outras situações, e este momento muito excepcional exige medidas excepcionais.”
“Ciente da crise energética que o País e o mundo atravessam”, bem como da crise económico-social, o Município da Marinha Grande informa que irá reduzir os horários da iluminação, para além da estipulado pelo Governo, que recomenda que as luzes sejam desligadas à meia-noite, bem como o número de dias em que o sistema estará a funcionar.
Além disso, os equipamentos a instalar “recorrem a tecnologia com baixos consumos”, salienta a autarquia liderada por Aurélio Ferreira, que anuncia também a redução dos custos inerentes à animação de Natal, “em prol de um investimento em iniciativas com impacto directo na vida das famílias e dos comerciantes”, como “a permanência, no centro tradicional, de actividades de animação, sobretudo para os mais novos”.
Em Alcobaça, onde a iluminação natalícia resulta de uma parceria entre a câmara e a associação comercial (ACSIA), será ligada no dia 1 de Dezembro, ou seja, uma semana mais tarde do que o habitual, mas cinco dias antes do recomendado pelo Governo (ver caixa). As luzes funcionarão em horário reduzido, das 18 horas à meia-noite, informa a autarquia, adiantando que o orçamento previsto é de 65 mil euros, um pouco menos do que no ano passado (70 mil euros).
Também na Batalha haverá iluminação “mais reduzida”, para poupar nos consumos energéticos e nos valores despendidos, “face ao contexto actual”, salienta o presidente da câmara, Raul Castro.
Recurso a lâmpadas LED
Em resposta ao pedido de esclarecimentos do JORNAL DE LEIRIA, os municípios de Figueiró dos Vinhos e do Bombarral asseguram que vão seguir as recomendações do Governo, sendo que, no primeiro caso, as luzes serão desligadas às 23 horas, ou seja, uma hora mais cedo do que sugere o Plano de Poupança de Energia 2022-2023.
Figueiró dos Vinhos estima gastar 10 mil euros com iluminação de Natal, enquanto o Bombarral aponta para um custo de 16 mil euros, a que somam cerca de 900 euros em consumos de energia e serviços de ligação.
Pombal e Óbidos também vão “atender” ao recomendado pelo Governo e recorrerão a iluminação LED, de menor consumo energético. Em Leiria, município da capital de distrito que, no ano passado, gastou quase meio milhão de euros com iluminação e animação natalícia, ainda não há decisão tomada. O presidente da câmara, Gonçalo Lopes, admite, no entanto, que haverá redução tendo em conta a necessidade de poupança energética.
A Nazaré manterá, “a exemplo de anos anteriores”, a iluminação das principais avenidas e locais de comércio, que será desligada à meia-noite. O valor da adjudicação ronda os 75 mil euros (igual ao do ano passado), a que acresce o consumo energético, que não está estimado.