A obrigatoriedade de confinamento social, imposta pela pandemia, acelerou a aproximação das empresas e dos consumidores portugueses ao comércio online. Quem já tinha negócio neste campo viu-o crescer.
E muitos, que ainda não tinham, não desperdiçaram agora a oportunidade.
Na região de Leiria, não faltam exemplos de aumento de vendas através do digital. A marca Panidor, de Leiria, foi uma daquelas que iniciaram a sua loja online precisamente durante o período de confinamento.
“O arranque aconteceu em Abril e teve de imediato um boom de crescimento”, lembra Marta Casimiro, responsável pela fabricante de massas congeladas Panicongelados.
[pub-by-id pubid=’300′ f=’7′]
“Começámos com produtos essenciais, pouco mais de meia dúzia, só alguns tipos de pão e de croissants”, explica a empresária. E agora, que as lojas físicas reabriram, Marta Casimiro adianta que a Panidor já não vai abandonar esta faceta do negócio. Muito pelo contrário.
“No fim do ano, teremos uma loja online não apenas com estes produtos básicos, mas com muitos outros artigos que sejam complemento e que sejam compatíveis com as necessidades dos nossos clientes”, sublinha a empresária.
No caso de empresas que sempre venderam através de catálogo e online, como a La Redoute, o aumento de vendas durante este período também se reflectiu.
Paulo Pinto, CEO ibérico deste marca que tem centro de operações em Leiria, não adianta valores, mas admite que “foram tempos de crescimento de vendas a partir do segundo trimestre do ano”, tendo a empresa sentido “a entrada de novos clientes, uma nova população interessada em comprar online”.
O crescimento de vendas sentiu-se especialmente no campo dos têxteis, fosse o vestuário para crianças, fossem os artigos destinados ao lar. Este aumento de procura exigiu inclusive a contratação de mais recursos humanos, ao nível do atendimento ao cliente e ao nível operacional, expõe Paulo Pinto.
Na rede de papelarias Americana, sobretudo[LER_MAIS] durante a fase de confinamento, as vendas online cresceram 15% face ao ano passado, explica António Sousa, responsável por esta empresa, que desde 1958 foi ampliando a sua rede de lojas físicas, em Leiria, Marinha Grande e Batalha, e que hoje distribui também para grandes superfícies e está presente em todo o País.
Os jogos foram o item mais solicitado durante esta fase, por um público de idades variadas, entre os 15 e os 45 anos, especifica António Sousa.
O incremento do negócio online não compensou de todo as perdas de movimento nas lojas físicas, mas permitiu perceber que, independentemente de haver público que aprecia o contacto físico com os artigos, o futuro tem de continuar a passar pelo digital.
A Dona Horta, empresa de Alcobaça que desde há quase nove anos se dedica à entrega de cabazes de fruta e de hortaliça ao público, por via de encomendas realizadas online, viu o negócio triplicar durante a fase de confinamento.
Celeste Soares, fundadora da empresa, conta que os habituais clientes passaram então a encomendar cabazes para os seus pais, para os seus sogros, já que havia muito receio de sair de casa para ir ao supermercado. Mesmo agora, que sair à rua com as devidas precauções se tornou prática habitual, ainda há um novo grupo de pessoas que se mantém fidelizada à Dona Horta, refere a empresária.
Presença online aumentou 25% este ano
Em Abril, durante o confinamento, o nascimento de sites com o domínio .pt subiu 67%, avançou a Rádio Renascença, notando que a digitalização é sobretudo de pequenos e médios negócios (restauração, ginásios e serviços domésticos). A pandemia obrigou os protagonistas do tecido empresarial português a reinventar-se e a internet foi uma das ferramentas mais fortes usadas.
“Os novos registos de websites com o domínio.pt cresceram 25% este ano”, disse à Rádio Renascença a presidente do conselho directivo do .PT, Luísa Ribeiro Lopes. Só no mês de Abril, altura de confinamento, o aumento foi de 67%, ou seja, 10.137 novas moradas digitais, que foi um recorde mensal absoluto.
Já no mês passado, a subida foi de 17%, apesar de Julho ter normalmente um decréscimo de novos registos. “Significa que esta tendência, a necessidade de as empresas terem uma presença online, mantém-se mesmo nestes períodos de férias”, disse Luísa Ribeiro Lopes.