O distrito de Leiria está, este ano, massivamente representado na 2.ª divisão nacional de hóquei em patins. Seja porque algumas equipas históricas desceram de divisão, ou porque outras sobressaíram na 3.ª divisão e atingiram o topo, este ano são cinco emblemas que levam o distrito de Leiria para dentro de campo.
“Não é um milagre, é um excelente trabalho”, começa por reconhecer Simão Clemente, treinador dos seniores do Sport Clube Leiria e Marrazes (SCL Marrazes). Uma equipa que foi reactivada na época 2017/2018 e que, após alguns dissabores, estava pronta para almejar mais do que a 3.ª divisão. No entanto, a Covid-19 veio adiar alguns planos, que agora se estão a concretizar.
“É muita paixão e dedicação. Não temos o mesmo orçamento que as outras equipas, mesmo aquelas daqui da zona. Somos os underdogs. Vamos buscar jogadores que estão parados, mas em quem vemos potencial”, adianta o responsável pelo hóquei na equipa de Leiria.
Há dois anos que o Marrazes perseguia esta liga. Mais do que talento, a chave para esta subida foi mesmo a “união” de jogadores, técnicos, adeptos e daqueles que “ajudam” o clube.
O primeiro jogo oficial é dia 5 de Outubro e Simão Clemente sabe que tem uma equipa “humilde, que quer defender a sua baliza” e, no ataque, estão “jogadores tecnicamente evoluídos” capazes de colocar o disco no fundo das redes.
Apesar da representatividade do distrito – cujas equipas estão divididas pela zona Norte e zona Sul – o dirigente deixa um alerta: “a formação está a passar um mau bocado”.
Sobre o Sporting Clube Marinhense (SC Marinhense), a aposta é em jogadores da casa e a equipa quer lutar pelos “lugares cimeiros” da zona norte, com os pés assentes na terra. “Longe de nós pensarmos em subir de divisão, porque há equipas que têm muito mais condições que nós. Queremos tentar andar no grupo e fazer um campeonato equilibrado”, admite João Simões, o novo treinador.
Além dos resultados, o técnico pretende ver “o pavilhão cada vez mais composto”. “O Marinhense com casa cheia é um clube difícil de bater.”
João Simões também reconhece que a formação necessita de ser alavancada. “Os clubes acabam por ser vítimas de alguma desorientação das próprias associações e federação, que deixam os quadros competitivos entregues a um amadorismo muito grande. Isso faz com que existam poucos jogos e muito desequilibrados”, denuncia o treinador.
O fair-play é um factor que percorre todos os clubes da região. “É com agrado que vemos os outros clubes cada vez a dar mais e melhor. É o que diferencia este momento. Tínhamos clubes da região muito acomodados e agora não, têm o objectivo de tentar ter melhores resultados”, constata ainda João Simões.
Formação quer mais jovens
A redução de equipas obrigou Leiria e o Ribatejo a unirem-se para continuarem a organizar campeonatos regionais. Uma situação onde José Carvalho, presidente da Associação de Patinagem de Leiria, não prevê alterações.
O dirigente olha para a formação para tentar explicar se o hóquei está a crescer na região. “Em sub-13 e sub-15 já estamos a fazer campeonatos regionais, sub-17 e sub-19 também”, relatou, ao afirmar que a iniciação está “a crescer”. Ainda assim, não em número suficiente.
Na zona Sul, o Hóquei Clube Turquel (HC Turquel) não esconde o objectivo: regressar à elite nacional. “Estamos numa zona Sul muito competitiva, com seis ou sete equipas que podem almejar a subida de divisão”, constata o treinador André Luís.
Na última época, o histórico Turquel não conseguiu evitar o regresso à 2.ª divisão. Este ano, há “alterações de fundo no plantel e na equipa técnica” e André Luís estreia-se a liderar a equipa sénior do clube do coração.
No mesmo concelho está também o Alcobacense, que este ano guardou uma carta na manga. José Querido, antigo seleccionador nacional, apresenta-se este ano nas fileiras do clube a liderar os seniores.
Com o propósito de “criar bons alicerces” que segurem o Alcobacense neste campeonato, o timoneiro afirma que tudo o que vier a mais será bem-vindo. Pela primeira vez a treinar na região Centro, José Querido refere que “é de salutar as cinco equipas estarem na 2.ª divisão”. Além dos resultados, o treinador manifesta outro desejo: “Que as pessoas nos apoiem.”
Já na Nazaré, o Biblioteca Instrução e Recreio (BIR) de Valado dos Frades mostra-se bem consolidado neste campeonato, de onde já não sai desde a época 2018/2019. Por isso, “os objectivos estão delineados à parte superior da tabela”, detalha Fábio Barqueiro, que pretende chegar à “melhor classificação de sempre” do clube.
Com metade do plantel que já é ‘prata da casa’, novos jogadores vieram dar fôlego à equipa e o grupo apresenta-se “ambicioso”.