A literatura indica-nos que, na generalidade, a população com deficiência é fisicamente inativa e, cumulativamente, apresenta uma alta taxa de comportamentos sedentários. Tais factos levam a que seja uma população sujeita a mais riscos para a saúde, o que se traduz numa elevada prevalência de problemas psicossociais, obesidade, hipertensão, entre outros. Por outro lado, sabemos que a prática regular de atividade física tem efeitos positivos, tanto na saúde física como na dimensão psicossocial, melhorando a qualidade de vida.
Então o que recomenda a Organização Mundial de Saúde em relação à prática de atividade física para pessoas com deficiência, nas várias faixas etárias? Recomenda exatamente o mesmo que recomenda à população sem deficiência, nas várias faixas etárias, com as devidas adaptações ao tipo e severidade da deficiência!
Agora, estará a sociedade preparada e sensibilizada para proporcionar Atividade Física de qualidade às pessoas com deficiência? Será que a instalação de rampas para cadeiras de rodas ou a construção de casas de banho para pessoas com deficiência é suficiente? Será que designar uma infraestrutura como “inclusiva” é suficiente? Não, não é!
As mentalidades têm de mudar e, acima de tudo, temos de, além de escrever textos bonitos sobre inclusão, passar à ação! Neste sentido, dou a conhecer vários projetos de intervenção comunitária que o Politécnico de Leiria, mais concretamente o Departamento de Desporto, Exercício e Saúde, tem levado a cabo nesta área e que são modelos a seguir.
O Jogamos tudo, brincamos todos (desde 2019) é um projeto de “inclusão inversa” que visa promover o respeito pela diferença e fomentar atitudes de inclusão, através de jogos adaptados, onde as crianças da educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico, experienciam as dificuldades dos seus pares com deficiência.
O Desporto para todos na ESECS (desde 2023) tem como objetivo proporcionar a prática regular de atividade física a pessoas institucionalizadas, com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental, da cidade de Leiria (OÁSIS e CERCILEI).
A “Mostra do Desporto Adaptado” (desde 2019) procura dar a conhecer a oferta de desporto para pessoas com deficiência, na região de Leiria, porque, obviamente, estas também podem competir!
Ainda na prática desportiva, vários estudantes do curso de Licenciatura em Desporto e Bem-Estar têm participado em torneios da Special Olympics Portugal, com a função de “parceiro de competição”, onde pessoas com e sem deficiência competem juntos em diferentes modalidades desportivas. A verdadeira inclusão!
Destaco, por fim, o curso de Pós-Graduação em Desporto e Atividade Física Adaptados, do Politécnico de Leiria, que já conta 3 edições e é uma formação diferenciadora e única no País. A vertente formativa é essencial para formar profissionais qualificados e sensibilizados para atuar na área.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo ortográfico de 1990