Adriano Monteiro é natural da Rebolaria, no concelho da Batalha, mas vive actualmente em Famalicão, Nazaré.
É engenheiro civil e, durante vários anos, após concluir os estudos no Porto, teve um gabinete onde se dedicou a diversos projectos, especialmente da zona de Leiria.
Realizou já várias investigações, sobre a Igreja de São Gião, em Famalicão, sobre Os Azulejos da Abadia de Santa Maria de Cós – Alcobaça, sobre a Conclusão das Capelas Interrompidas do Mosteiro da Batalha Real, entre outras.
“Eu tinha um objectivo: criar uma biblioteca.” Depois de se reformar, comprou uma casa no Sítio da Nazaré para fazer um museu e biblioteca. Mas o espaço tornou-se pequeno pelo que, mais tarde, comprou a casa onde hoje vive, em Famalicão. Uma casa em que quase todas as paredes estão tapadas por inúmeras prateleiras carregadas de livros.
Se colocar todos os livros que tem uns sobre os outros, são cerca de “200 metros de altura”. E no meio de tantos, qual é o que mais gosta? “É aquele que me interessa agora.” Pode não ter lido todos, mas folheou-os. “Quando venho de um leilão posso trazer 50 livros. Mas nessa noite tenho de os folhear todos.”
Além de livros, tem também uma grande colecção de postais. “Devo ter seis metros de altura em postais.”
Esta não é uma biblioteca qualquer, sublinha. “Eu achava que todas as bibliotecas que existiam eram de entretenimento, apenas com romances”, afirma Adriano Monteiro. Em sua casa existem livros de investigação em diversas áreas, religião, monografias, essencialmente da zona Centro, entre muitos outros. “Romances, só históricos.”
Apesar de serem maioritariamente regionais, há também muitos livros sobre algumas das principais cidades do País e sobre o litoral. “Queria dar oportunidade às pessoas que quisessem investigar sobre o mar, sobre a costa portuguesa.”
E os autores são de diversas nacionalidades: portugueses, italianos, franceses, entre outros. Todos eles a escrever sobre Portugal. “É uma biblioteca que retrata o nosso País.”
Muitos dos seus livros não se encontram em bibliotecas municipais.
“Há pessoas muito preocupadas à procura de livros, que vão para Lisboa, para a Biblioteca Nacional, e eu tenho livros que lá não há. E tenho muitos que a Biblioteca Nacional digitalizou.”
Adriano Monteiro gosta que as pessoas visitem a sua biblioteca. “Incomoda-me que esteja aqui”, afirma. Segundo conta, já quiseram levá-la para a Biblioteca do Mosteiro de Alcobaça.
“Eu gostava. E por uma razão. É que tenho uma imensa biblioteca sobre Cister”, acrescenta. “Há estantes da biblioteca do Mosteiro que estão na Assembleia da República. Portanto, acho que era uma boa altura para elas regressarem a Alcobaça.”
Mas, alerta, esta tem de ser uma biblioteca “sempre reservada”. Tem livros raríssimos, com gravuras, que nas mãos das pessoas facilmente se danificam. “O livro tem de ser aberto no local, não pode ser levado para casa, e a consulta tem de ser sob câmaras de vigilância”.
Em algumas das prateleiras existem papéis entre os livros. “São livros fantasmas”, explica. Publicações que emprestou e que não foram devolvidas. “Eu ligo, mando mensagens, envio cartas, e nada, ninguém diz nada…”
Nem só a paixão pela investigação marcou a vida de Adriano Monteiro. Foi morar para Famalicão para estar mais perto do mar. Sempre gostou muito de nadar. Depois, começou a praticar windsurf com um amigo, na altura em que este desporto apareceu em Portugal.
“Comprámos duas pranchas a uns franceses que apareceram aí e fomos fazer.
Fomos para São Martinho do Porto. Não percebíamos nada de navegação e estávamos sempre a cair. Até que começamos a ler livros.” E foi assim que aprenderam, por iniciativa própria.
“Hoje, ensino em meia hora aquilo que demorei meses a aprender.”
E apesar de a maior parte das pessoas preferir as lagoas para a prática deste desporto, Adriano Monteiro gosta mais da “água mexida do mar, de ir para as ondas”.
Além do windsurf, foi também atleta de fundo e meio-fundo no Benfica e no Porto, tendo sido campeão nacional e regional de 1500 metros pelo Benfica.