Diz que não vive para a música, mas, assegura, também não consegue viver se m esta paixão que foi alimentando, ao mesmo tempo que ia descobrindo vocação sacerdotal. A celebrar 25 anos de ordenação, que se cumpriram no passado dia 26, João Paulo Vaz, pároco de Pombal há quase oito anos, conta já com seis discos editados e dezenas de concertos dados, a solo ou aos comandos da banda que formou com alguns amigos, onde é vocalista, guitarrista e compositor.
Natural de Semide, uma aldeia do concelho de Miranda do Corvo (distrito de Coimbra), João Paulo Vaz, 50 anos, diz que a música sempre esteve muito presente na sua vida. “Na família, sempre se tocaram instrumentos e se cantou, quer de forma informal quer participando na vida da paróquia”, revela o sacerdote, que tinha apenas nove anos quando manifestou, pela primeira vez, vontade de seguir a vida religiosa.
Nesse tempo, conta, alguns dos seus amigos já frequentavam o seminário, o que lhe despertou o desejo de prosseguir também esse caminho. Mas os pais entenderam que “ainda era cedo” e mantiveram-no no ensino regular. Enquanto isso, João Paulo ia “consolidando a ideia” e, no final de cada ano lectivo, repetia o pedido para ingressar no seminário, que só viria a ser aceite quando terminou o 9.º ano de escolaridade.
Seguiu-se, depois, todo o percurso formativo até à ordenação sacerdotal. Pelo meio, a música foi ganhando espaço na sua vida. Tocar guitarra e cantar já não eram suficientes para o preencher. Começou também a compor e a escrever letras. Hoje, soma seis discos editados, o último em 2018, que têm sido apresentados em concertos um pouco por todo o País, onde o padre surge acompanhado pela sua banda, a JM e João Paulo Vaz.
Já alguém caracterizou o seu estilo como “pop cristão”, mas o sacerdote prefere falar em “música ligeira de mensagem cristã”. “Pela música e com as minhas músicas, eu realizo, na Igreja e no mundo, a minha missão de evangelizar”, diz o padre, que considera que a vertente artística também ajuda a atrair mais fiéis à Igreja, nomeadamente entre os mais jovens.
“A música é uma linguagem universal. Se conseguirmos unir uma melodia a uma mensagem, chegamos mais depressa ao coração das pessoas. O que queremos dizer, entra mais rápido através da música”, acrescenta o sacerdote, assegurando que as reacções dos paroquianos a esta sua vertente são “muito positivas”.
Mas, não se pense que nas celebrações está sempre de viola ao peito a cantar. É que, apesar de os fiéis lhe pedirem para usar mais a sua veia de músico durante as missas, João Paulo Vaz, por norma, não o faz, a não ser “nalgum dia mais especial e sempre em momentos preparados para isso”, como em sessões de oração ou vigílias.
“Não gosto de misturar as coisas. Cada mensagem no seu contexto. Enquanto estou a celebrar a Eucaristia, centro-me no meu papel de sacerdote. Nos concertos, onde toco e canto as minhas canções, é que aproveito para passar a mensagem de Cristo e, dessa forma, tento captar novos fiéis”, assume.
Por estes dias, com as igrejas fechadas e as missas com assistência suspensas , é através da internet que o padre João Vaz, à semelhança do que acontece com outros sacerdotes pelo País e pelo mundo, vai transmitindo as celebrações que faz, sozinho, na Igreja Matriz de Pombal. Para tal, socorre-se da página da paróquia no facebook e do youtube, onde apresenta também outras propostas de oração aos paroquianos, “para que não se perca o ritmo e o dinamismo do encontro”.