Portugal é uma pequena economia com um elevado grau de exposição aos mercados externos. Cerca de 80% do PIB está relacio – nado com exportações e importações. No entanto, a estrutura geográfica do comércio externo português é, ainda, demasiado concentrada. Cerca de 70% das exportações e importações é intracomunitária. No caso das exportações para a UE, 82% tem uma concen – tração geográfica em apenas cinco destinos: Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e Holanda. Nesse sentido, a aposta numa maior internacionalização da economia portuguesa tem de ser, sobretudo, numa maior amplitude da diversificação geográfica. No entanto, a decisão empresarial de entrar em novos mercados, distantes do país de origem, exige que a empresa faça, estrategicamente, uma adequação dimensional das suas capacidades organizacionais com os mercados que ela quer entrar. A empresa deve considerar em simultâneo seis dimensões analíticas:
1.Como? A definição do modo de entrada em novos mercados é determinante para a minimização dos riscos e exploração das oportunidades de mercado. Uma grande parte das empresas adopta o modelo incremental da escola de Uppsala, começando com as exportações esporádicas e evoluindo, gradualmente, até a fase da produção no estrangeiro.
2.O que? Os atributos que garantam vantagem competitiva no mercado nacional podem não reproduzíveis nos mercados externos. Portanto, deve decidir se quer entrar em novos mercados com o mesmo produto ou com produtos inovadores.
3.Onde? Quanto maior for a distância cultural entre o país de origem e o país de destino, maior é o desconhecimento sobre as especificidades dos mercados e, consequentemente, maior é o risco do negócio.
A definição estratégica de novos mercados com as três dimensões Como, O que e Onde, deve ter uma adequação com as capacidades organizacionais da empresa:
4.Estrutura Organizacional – o processo de expansão internacional da empresa exige transformações na estrutura organizacional, tanto ao nível de activos tangíveis como intangíveis.
5.Recursos Humanos – a exigência, a sofisticação, as mudanças rápidas que ocorrem nos mercados faz com que a empresa necessite, constantemente, de recursos humanos qualificados para as operações internacionais.
6. Finanças – a amplitude da diversificação geográfica e o grau de internacionalização da empresa impõem uma maior complexidade ao nível financeiro, na medida em que são incluídas novas moedas e novas documentações bancárias. Portanto, a internacionalização é um processo decisório e estratégico multidimensional, no qual a empresa deve fazer constantemente adequações entre as suas competências internas e os mercados externos. E a elevada concentração geográfica das exportações portuguesas sugerem uma inadequação entre as variáveis internas e externas das empresas no processo de internacionalização.
*Docente no IPLeiria