A 3.ª jornada da 69.ª fase de grupos da Liga dos Campeões ficou encerrada ontem, com duas derrotas e uma vitória para as equipas portuguesas.
Em 9 pontos possíveis, o Porto conseguiu conquistar 6 – duas vitórias fora, contra Shakhtar Donetsk e Antuérpia.
No entanto, o Braga tem apenas 3 (conquistados na reviravolta dramática contra o Union Berlin, na 2.ª jornada) e o Benfica ainda não conseguiu pontuar.
Para tentar perceber quais as hipóteses de cada uma das equipas portuguesas na competição, o Aposta Legal compilou e analisou dados relativos aos últimos 10 anos de jogos dos clubes nacionais na liga milionária.
O objectivo é responder às seguintes questões:
De quantos pontos precisam as formações nacionais para seguir na Champions?
É possível recuperar de um 1.º jogo sem vencer? E de uma primeira volta fraca?
O que podemos esperar do Braga?
Apesar de o Sporting só ter conseguido aceder à Liga Europa este ano, a equipa de Alvalade também é uma fonte de dados interessante.
O Braga teve a sua última participação na temporada de 12/13, pelo que não incluímos os números nos nossos gráficos. No entanto, servem de comparação ao que os bracarenses conseguirem fazer neste momento.
Antes de mais, algum contexto: que equipa portuguesa arrecada, em média, mais pontos e mais vitórias na competição?
Porto é a melhor equipa portuguesa
Nos últimos anos, os clubes portugueses marcaram 211 golos e sofreram 193 nas fases de grupos da Champions. No total, num conjunto de 23 edições disputadas por 3 clubes, as equipas portuguesas conseguiram seguir em frente na prova por 11 vezes .
No entanto, há diferenças significativas entre os percursos de Benfica, Porto e Sporting.
Nos últimos 10 anos, o Porto foi a equipa com melhor percurso nas fases de grupos da Liga dos Campeões.
Os dragões conquistaram, em média, 10,67 pontos, mais 3 do que os que as águias conseguiram (7,67). Estes 3 pontos equivalem a mais uma vitória em cada 6 jogos do grupo. Os leões ficam-se por uma média de 6,6 pontos por fase de grupos.
Há uma correlação clara entre a pontuação média e a diferença entre golos marcados e sofridos: o Porto tem um saldo positivo de +3.88 golos e é a única equipa portuguesa que o consegue.
O Benfica tem um saldo negativo de -1.55 golos, pior que o dos leões (-0.6).
Não é de admirar que o Porto tenha também o maior número de vitórias: 28 em 54, ou seja, os portistas arrecadam os 3 pontos em mais de metade dos jogos. Este número quase iguala os de Benfica e Sporting juntos (19 e 10, respectivamente).
A mesma contabilidade aplica-se ao número de passagens à fase a eliminar da Champions. O Futebol Clube do Porto totaliza 6 passagens em 9 edições, face às 3 do Benfica – apenas metade.
O Sporting conseguiu fazê-lo apenas uma vez nestes últimos 10 anos, na temporada de 21/22.
Entrar com o pé direito é essencial?
Passamos agora a outro factor: a influência do primeiro jogo.
Para o Benfica, entrar a ganhar é importante. Das 9 edições analisadas (aquelas, em 10 anos, para as quais o Benfica se qualificou), o Benfica entrou a perder ou a empatar em 6. Duas deram passagem à fase seguinte da Champions, por duas vezes desceu para a Liga Europa e foi eliminado das outras duas vezes.
Vencendo o 1º jogo, o Benfica nunca acabou o grupo em último.
Tendo em conta estes números, a derrota na Luz, por 2-0, frente ao RB Salzburg baixou significativamente a probabilidade de o Benfica seguir em frente na Liga dos Campeões. Se por um lado cada jogo é um jogo, os encarnados já saíram derrotados dos dois jogos seguintes, com o
Inter a provar o favoritismo e a Real Sociedad a confirmar o seu valor.
Para o Porto, o resultado do 1º jogo é tradicionalmente menos importante. Em 9 edições, empatou ou perdeu o 1º jogo em 7 ocasiões e mesmo assim continuou na Liga dos Campeões em 5 dessas temporadas. Nas outras duas, ainda seguiu para a Liga Europa.
Ainda assim, a vitória do 1º jogo (3-1) sobre o Shakhtar Donetsk não deixa de ser uma boa entrada na prova, até porque o Porto é a equipa portuguesa que mais vezes passa à fase a eliminar após o 1º jogo fora: 3, no total, em 6 edições. Falamos apenas de um jogo, mas poderá ter outro impacto: o da gestão do plantel para as competições internas.
Por curiosidade, no caso do Sporting encontrar um padrão é mais difícil. Em 2022/2023, por exemplo, o Sporting ganhou o primeiro encontro por uns expressivos 3-0, mas acabaria por se contentar com a passagem para a Liga Europa.
Na época anterior, sofreu uma derrota pesada por 5-1 em Alvalade, com o Ajax, mas conseguiu continuar na Liga dos Campeões.
As equipas portuguesas recuperam nos últimos jogos?
O primeiro jogo da fase de grupos conta só o início da história, por isso analisámos também a progressão dos grandes ao longo dos 6 jogos de cada edição.
No caso do Benfica, das últimas 9 edições em que as águias participaram na fase de grupos, houve 4 épocas em que conseguiu mais pontos nos últimos 3 jogos. No entanto, apenas numa dessas épocas isso foi o suficiente para recuperar do 3º lugar para a passagem aos oitavos da Champions.
Nos restantes casos em que conseguiu mais pontos nos últimos jogos, continuou em 3º ou foi mesmo eliminado de todas as competições europeias. A juntar a isto, há ainda o fantasma da época de 2017/2018, em que o Benfica terminou sem qualquer ponto.
Por isso, a Liga Europa parece mesmo o melhor com que as águias podem sonhar.
No caso do Porto, os números mostram alguma garra adicional nos últimos jogos: houve duas temporadas seguidas em que os dragões seguiam em 3º no grupo a meio dos jogos, em 2016/2017 e 2017/2018, mas acabaram o grupo em 2º.
Na última temporada, não se podendo falar de salvar o apuramento porque a equipa de azul e branco já seguia em 2º, o Porto conseguiu mesmo chegar ao 1º lugar do grupo uma vez encerrados todos os jogos.
É preciso voltar muito atrás para encontrar números que apontam na direcção oposta. Voltando a 2015/2016, os dragões acabaram os 3 primeiros jogos em 1º, com 7 pontos, mas conseguiram apenas mais 3 até ao final e caíram para a Liga Europa.
Por isso, os dragões têm a passagem à fase a eliminar bem encaminhada, com jogos em casa contra um Antuérpia e Shakhtar Donetsk que têm mostrado dificuldades.
Apesar de não ser relevante para esta temporada, o Sporting tem uma história de recuperação recente, de uma posição de Liga Europa para continuação na Champions.
Em 2021/2022, os leões tinham apenas 3 pontos ao fim de 3 jogos. No entanto, acabaram o grupo com 9, graças a vitórias sobre Besiktas e Borussia Dortmund em casa.
Porém, na última temporada, os leões seguiam em 1º ao fim de 3 jogos, tendo colapsado nos últimos 3. Na altura, o Sporting somou apenas um ponto nas últimas 3 partidas e seguiu assim para a Liga Europa.
Qual é o mínimo para passar?
A pontuação mínima para passar à fase a eliminar depende sempre de como o grupo se desenrola. Ainda assim, os dados da última década dão uma ideia razoável do que podemos esperar.
Nestes últimos 10 anos o Benfica foi a equipa portuguesa que conseguiu o 2º lugar da fase de grupos com menos pontos: as águias conquistaram apenas 8, na temporada de 16/17, mas foi o suficiente para ultrapassar o Besiktas (7) e o Dínamo de Kiev (com 5).
Ou seja, as águias precisariam de conquistar um mínimo de 8 pontos nos próximos 3 jogos para seguirem em frente. Isto traduz-se, na prática, em vencer os 3 jogos (ficando com 9). Por outro lado, a verdade é que nas 9 edições disputadas desde 2013/2014 pelo Benfica, nunca o clube da Luz se apurou para a fase a eliminar após perder o primeiro jogo.
No entanto, nem sempre 8 pontos chegam. Olhando para o caso do Porto, a equipa de Sérgio Conceição precisou sempre de pelo menos 10 pontos para continuar na Liga dos Campeões. Mesmo assim, já houve uma excepção: a temporada de 2015/2016, na qual 10 pontos só deram acesso à Liga Europa. Nesse ano, foi o Dínamo de Kiev quem passou à fase a eliminar, com 11 pontos.
Com base nestes números, o Porto precisaria de mais 5 pontos para assegurar a passagem aos oitavos-de-final nesta temporada. Falamos, a título de exemplo, de uma vitória e dois empates nos últimos 3 jogos.
Neste cenário fictício, os portistas poder-se-iam permitir um empate com o Barcelona e Shakhtar, por exemplo.
Por fim, apesar de ausente da prova, os números do Sporting estão em linha com o que vimos até aqui. Na única temporada em que os leões seguiram em frente, nos últimos 10 anos, precisaram de 9 pontos e ainda do desempate por diferença de golos.
Foi apenas a diferença de golos a ditar a passagem do Sporting à fase a eliminar e a descida dos alemães do Borussia Dortmund à Liga Europa.
E o Braga?
O Braga esteve presente na Liga dos Campeões pela última vez na época de 12/13, daí os números não serem comparáveis directamente aos de Benfica, Porto e Sporting. Além disso, foi apenas uma presença.
Na altura, o grupo era visto como razoavelmente acessível. Certo, os guerreiros teriam de enfrentar o Manchester United, mas Galatasaray e Cluj pareciam ao alcance do Braga.
Infelizmente, os bracarenses acabaram em último, com apenas 3 pontos, provenientes de uma vitória fora, contra o Galatasaray. Não foi a pior época que uma equipa portuguesa já fez, com 7 golos marcados e 13 sofridos.
Aliás, basta recuar a 17/18 para vermos um Benfica que não conseguiu pontuar e que fez apenas 1 golo em 6 jogos.
Passada mais de uma década, a qualificação frente ao Panathinaikos deu bons indicadores. Nos 3 jogos da fase de grupos propriamente dita, os guerreiros perderam os jogos com o Nápoles e Madrid pela margem mínima (ambos por 2-1), mas conseguiram uma importante (e dramática!) reviravolta fora, na casa do Union Berlin.
O melhor que se pode pedir da equipa do minho são exibições como a de terça-feira, num jogo em que o empate não seria injusto. Chegar ao 2º lugar parece difícil, mas a equipa tem-se batido de forma digna e pode sonhar tanto com a Liga Europa, como em bater os números da temporada de 12/13.
Uma nota final: as estatísticas fazem parte do jogo, mas o que importa é o que cada equipa consegue fazer em campo. Matematicamente, nada está ainda perdido para Benfica e Braga, nem ganho para os dragões.
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