A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) apresentou, esta semana, um estudo europeu, da responsabilidade do organismo Eurorap, sobre os troços de estrada nacionais em boas, médias e más condições.
O European Road Assessment Programme (Eurorap) avaliou 20 estradas portuguesas com uma extensão de 4.880 km – cerca de 35% da Rede Rodoviária Nacional, e 5% da rede de estradas em Portugal. As vias foram seleccionadas “pelo elevado nível de sinistralidade nelas registado”, sendo que, entre 2010 e 2016 ali se registaram os maiores indicadores de gravidade acumulados e 43% das mortes registadas em Estradas Nacionais, Estradas Regionais, Itinerários Complementares e Itinerários Principais.
Óbidos “estranha” classificação
Pedro Félix, vereador do trânsito da Câmara de Óbidos, desconhecendo os critérios do EuroRap, estranha a classificação da EN 114 como zona de “alto risco”.
Por um lado, não há ecos de grande sinistralidade na via e, por outro, a autarquia tem executado trabalhos de manutenção.
“O troço A-da-Gorda até ao final do concelho mantém o traçado como a Câmara o recebeu em 1996. É uma zona sem construções e o pavimento foi melhorado em zonas onde haveria maior degradação”, resume.
O documento apresenta um mapa de risco que ilustra os trechos da rede rodoviária avaliada, nos quais há acidentes mortais ou onde resultam feridos graves.
Sem surpresas, o IC8, no troço entre Pombal e Ansião, é apontado como uma destas zonas assinaladas a “negro”, por “alto risco”, como o é também a Estrada Nacional 8 (EN8), entre Bombarral e Óbidos e a EN 114, que liga este concelho a Peniche.
Cada morto custa 682 mil euros ao País
O estudo contempla também quatro planos de investimento, correspondentes a outros tantos cenários de análise custo-benefício. Para cada um, é indicado o investimento para melhorar a segurança dos utilizadores das estradas avaliadas e a redução do número de vítimas mortais e de feridos graves, além do benefício económico e social, decorrente da poupança para a comunidade.
[LER_MAIS]Faixas extra, iluminação, repavimentação, guardas laterais, passadeiras, passagens desniveladas, bermas, passeios, tudo falta, em especial, nos troços que atravessam povoações.
Faltam até variantes a essas povoações – por exemplo Meirinhas, Guia e Carriço (Pombal) ou Santo Antão (Batalha).
“Todas as estrada nacionais no concelho de Pombal são críticas. Por exemplo, no IC2, o estudo só vem confirmar a percepção dos condutores, que até motivou uma viagem do Presidente da República, num camião. O que se passa é uma manifesta, absoluta e injustificada falha das autoridades em criar um programa financiado que resolva os problemas com a rede viária”, aponta o presidente da Câmara de Pombal.
Diogo Mateus diz-se revoltado com o número de vítimas mortais nas vias nacionais que atravessam o concelho e sublinha o esforço que, há décadas, em conjunto com o município vizinho de Ansião, se tem feito para resolver o problema do IC8.
Aponta mesmo outras variantes, não prioritárias, construídas em conce- lhos do norte do distrito “onde passam 70 carros por dia”, quando o troço Ansião-Pombal, um dos principais na ligação a Espanha, Castelo Branco e ao interior, não foi requalificado.
Quanto ao IC2, anuncia que a autarquia está a finalizar um estudo, com a Estradas de Portugal para que esta requalifique a via, entre o norte do concelho de Leiria e o sul do de Pombal, até à sede do município.
O autarca espera que as obras arranquem já em 2021. “O restante troço, até ao limite do concelho de Soure também necessita de ser intervencionado”, sublinha