Foram construídos na Benedita em 1989, mas nunca chegaram a ser finalizados, com a obra a ser interrompida na sua fase final, devido a factores económicos. Os dois prédios assinados pelo arquitecto Tomás Fonseca já foram diversas vezes comprados e vendidos, sem que nenhum projecto tenha conseguido vingar, recorda Joaquim Ferreira, arquitecto natural daquela freguesia de Alcobaça, cuja dissertação de mestrado versa exactamente sobre este edifício.
Agora, que os prédios estão uma vez mais no mercado, reacende-se a expectativa sobre o futuro de mais de 80 fracções, que nunca reuniram consenso junto da população. Trinta anos volvidos, há quem defenda que o espaço deve ser demolido e há quem lhe atribua potencialidades como [LER_MAIS]habitação social, espaços culturais ou formativos.
O anúncio da agência imobiliária informa que as parcelas de terreno onde estão construídos os dois edifícios, com um total de mais de oitentas fracções, numa área bruta de sete mil metros quadrados, estão à venda por 1,8 milhões de euros.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o agente imobiliário acrescenta que o edifício, devidamente licenciado, composto por apartamentos e lojas, pertence a um particular, que o coloca no mercado sem projecto.
Lúcia Serralheiro, presidente da associação cultural local Fórum Terra Mágica das Lendas, entidade que se tem debruçado sobre questões do património edificado na Benedita, explica que, por ser demasiado grande em relação ao resto da construção da vila, por estar estagnado há tantos anos, chegando a ser um “centro de droga” na freguesia, há quem defenda que o empreendimento, entretanto pejorativamente denominado entre a população como “Big Fuck”, deve ser demolido.
Contudo, entre os mais jovens, há quem entenda que, até pela sua cor e design arrojados, este deve ser concluído e aproveitado. Lúcia Serralheiro está entre aqueles que consideram que, com as devidas adaptações, estas fracções ainda podem ser utilizadas para habitação social.
Também para o arquitecto Joaquim Ferreira, o edifício merece uma segunda oportunidade. “Se não colocar nada em risco, devemos reaproveitar o que existe. O edifício pode ser bonito se conseguir atender ao seu contexto, às escolas que se situam ao seu redor”, salienta o arquitecto, que apresenta propostas concretas.
Os espaços podem acolher “um centro jovem, uma biblioteca, salas multiusos ou salas de equipamentos multimédia”, sugere Joaquim Ferreira. E porque nos últimos anos parte da zona é utilizada por skaters, também ali poderia ser criado um skate park, propõe.
Até ao fecho de edição não foi possível ouvir a Junta de Freguesia da Benedita sobre este assunto.