Os vereadores da oposição na Câmara de Leiria pediram a demissão do conselho de administração (CA) da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL), na sequência do encerramento do serviço de Urgência Ginecológica/Obstétrica e de condicionalismos na urgência geral.
Na última reunião de executivo, Álvaro Madureira (independente eleito pelo PSD) adiantou que “se o conselho de administração é o mesmo, os governos mudam e a situação calamitosa se agudiza, não há condições para continuar em funções”. “O presidente do CA que apresente a demissão. Estamos numa capital de distrito. Estamos no litoral, somos dos maiores, mais ricos e mais desenvolvidos concelhos a nível nacional e temos grávidas que precisam ir ao Porto ter uma criança. Não nos podemos calar. Se o conselho de administração é o mesmo, os governos mudam e a situação calamitosa se agudiza, não há condições para continuar”, adiantou.
O autarca recordou ainda que, “em Julho, um conjunto de médicos manifestou publicamente os problemas que existem na USL”, adiantou, criticando a avaliação positiva que o presidente da ULSRL, Licínio de Carvalho dos primeiros seis meses em funcionamento.
Álvaro Madureira apelou ainda ao presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), que também lidera a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, para ter “uma posição forte” contra o CA, que “está a ser pago para nos servir”.
Já Daniel Marques, afirmou sentir vergonha com as notícias que davam Leiria como o pior hospital do País. “Isto é uma mancha e o presidente do CA vem no dia seguinte fazer um balanço positivo, dizendo estar satisfeito com os primeiros seis meses, num contexto que não tem sido muito fácil. Não tem sido fácil para todos nós. Isto revela uma falta de sensibilidade para com os utentes”, afirmou o vereador independente eleito pelo PSD, ao considerar que “quem não revela sensibilidade e respeito pelos utentes não merece o lugar que tem”.
Concordando com os vereadores da oposição, Branca Matos (PSD) denunciou ainda que o problema não é só a obstetrícia e os partos que estão a ser desviados para o Porto, mas “também o caso da cirurgia geral e de urgência geral, que foram encerrados no período de 3 a 5 de Agosto”.
O presidente da Câmara de Leiria admitiu ter ficado surpreendido com a situação e afirmou discordar “em absoluto das opções tomadas, quer pela duração do encerramento quer com as decisões de localização”.
Gonçalo Lopes anunciou que aguarda a resposta da ministra da Saúde a quem solicitou uma reunião urgente, na qualidade de presidente da CIMRL, porque a ULS serve uma região mais alargada. “A solução já não está na esfera regional. Só a intervenção nacional poderá dar uma visão estratégica e coordenada”, avançou.
Mostrando-se preocupado com os encerramentos constantes dos serviços do hospital, Gonçalo Lopes teme que Leiria venha a ser prejudicada no futuro. “Se os recursos são escassos terão de ser melhor distribuídos.”