São apenas doze cartazes mas a história e a mensagem que transmitem serão suficientes para pre(encher) uma comunidade inteira, para engrandecer uma arte que faz parte da história de um concelho. Na Marinha Grande, por estes dias, o passado, presente e futuro do vidro manual mostram-se nas ruas da cidade, fruto de uma iniciativa que envolveu trabalhadores da indústria vidreira, um arquitecto e uma coreógrafa.
No âmbito do projecto Artistas no Território, este processo de co-criação não só deu voz aos vidreiros, captando as suas histórias, experiências e aspirações, como também serviu para revitalizar a memória colectiva da Marinha Grande, transformando-a numa narrativa viva e dinâmica.
Mais do que simples obras de arte, os cartazes serão testemunhos visuais de uma história que nem sempre teve o brilho do sucesso. Neles são abordados temas como a solidariedade, a luta contra o individualismo, a importância do trabalho colectivo. Frases como “não há solidão no trabalho das obragens” e “uma arte nunca morre!” recordam a resiliência e a criatividade associadas à indústria do vidro.
Por outro lado, ao transformar fábricas desactivadas em locais de diálogo e criação, este ‘casamento’ entre a arte e a indústria contribuirá também de forma significativa para preservar o património histórico, reinventado, de certa forma, o presente e o futuro. E demonstrará que este tipo de abordagem mais arrojada servirá para comprovar como a arte pode ser uma ferramenta poderosa na regeneração urbana e social.
Ao valorizarem o passado e lançarem pistas para o futuro, num processo de partilha orientado pelo designer e arquitecto João Gonçalo Lopes e pela coreógrafa e performer Márcia Lança, artistas e vidreiros deram um exemplo inspirador de como a colaboração interdisciplinar pode ajudar a celebrar a tradição e a abrir novas oportunidades de co-criação.