A ideia existe aproximadamente há 18 meses e as apresentações no Teatro Municipal de Ourém baseiam-se no trabalho desenvolvido ao longo do ano lectivo que agora está quase a terminar. O espectáculo O Bicho de Sete Cabeças vai colocar em palco 130 alunos da Ourearte, escola que, pela primeira vez, apresenta uma produção de teatro e música de criação artística original, com colaborações de Nelson Jesus (compositor) e Mário João Alves (encenador).
De que animal se fala, então, esta sexta-feira e no sábado? Do “muito especial” vencedor da eleição na cidade imaginária de Cata-vento: “Cada uma das cabeças representa uma qualidade indispensável a um líder para bem governar, mas na hora da coroação surge um problema, porque só existe uma coroa”, adianta Carmen Zita Ferreira, a autora do texto. Bondade? Justiça? Sabedoria? Determinação? Honra? Imparcialidade? Humildade? “Qual das cabeças será a mais importante?”
Reeditado em 2023, o livro de Carmen Zita Ferreira (que é natural de Ourém) conta com ilustrações de Sandra Serra e é recomendado no Plano Nacional de Leitura para o primeiro e segundo ciclo de escolaridade. E, como salienta a nota de divulgação, “leva o leitor a desenvolver capacidade crítica sobre um tema que interessa a todos: a educação para a cidadania”.
Há uma tradição de musicais pela Ourearte, em que se incluem, por exemplo, versões de clássicos como West Side Story ou O Fantasma da Ópera. Desta vez, a história medita “sobre o contexto democrático”, num ano em que se festeja meio século do 25 de Abril, assinala ao JORNAL DE LEIRIA o presidente da direcção da Ourearte, Fernando Marques. E, pela primeira vez, o público-alvo são os mais jovens.
A adaptação da obra de Carmen Zita Ferreira (que participa como narradora) tem direcção musical de Tiago Alves, figurinos de Ana Nogueira e interpretação de crianças e adolescentes das classes de conjunto (de canto e de orquestra) com o apoio dos professores Sofia Pinto e João Pedro Ferreira.
“A perspectiva é proporcionar capacitação mas, também, um contexto multidisciplinar”, afirma Fernando Marques, sobre o espectáculo que se insere na comemoração do Dia Mundial da Criança e que “tem a particularidade de envolver a comunidade educativa” num projecto que “demora bastante tempo” a concretizar.
Sobre a história em torno da história, Carmen Zita Ferreira explica: “O que surgiu primeiro foi o título, numa situação pessoal em que, quanto mais se falava sobre um problema maior ele parecia ficar. Para evitar que se tornasse num problema cabeçudo, resolvemos parar de falar sobre ele, esperar que ficasse mais pequenino e fácil de resolver e também guardar a expressão “bicho de sete cabeças” para uma história a escrever no futuro”.
“Mais tarde”, acrescenta a autora, “num período de campanha eleitoral em que senti que nenhum dos candidatos seria o presidente ideal, decidi escrever uma história onde pudesse destacar as sete qualidades principais de um líder, do meu ponto de vista. E assim apareceu esta história”.
O Bicho de Sete Cabeças – baseado no livro O Bicho de Sete Cabeças: História de uma Eleição Democrática – está programado sexta-feira, 31 de Maio, 10 horas e 11h30 horas, na sala principal do Teatro Municipal de Ourém (público escolar) e repete no sábado, 1 de Junho, com duas sessões para famílias (17 horas e 19 horas). Os bilhetes têm o preço de dois euros (até 12 anos) e cinco euros (maiores de 12 anos).