Já não há paciência… para o entretenimento e para a ocupação dos vazios, como se o silêncio, a solitude e o tempo livre fossem os maiores males do mundo.
Detesto… o politicamente correto, no geral. Mas também detesto quando digo a coisa errada na hora errada e, de repente, fico quase sem respirar a ser esmagada pelo elefante na sala.
A ideia… de decrescimento sustentável parece-me uma das poucas formas de o planeta se manter um lugar habitável. O mundo é um lugar deslumbrante, mas não dá para mais. Mesmo plantando mais árvores, há um limite, não é?
Questiono-me se… a comunicação é sequer possível, com tantas duplas e triplas interpretações. Mesmo quando duas pessoas acham que concordam num assunto, é muito provável que não estejam a falar da mesma coisa.
Adoro… andar sozinha de carro, para poder falar sem ser interrompida, ter discussões acesas, fazer as pazes comigo mesma, e eventualmente ter um minuto de silêncio.
Lembro-me tantas vezes… da minha avó me dizer: “Leonor, tal como o mundo, as pessoas são bué cenas.”. Se calhar ela não disse isto… mas inventado ou não, é uma grande verdade.
Desejo secretamente… que a sociedade se organize para o lazer, e que se use toda a tecnologia para tirar o trabalho das pessoas e dar-lhes mais tempo.
Tenho saudades… do tempo em não tinha de pensar no tempo, e não tinham ainda sido inventadas mil formas de levar as pessoas a desperdiçá-lo em tretas.
O medo que tive… quando vi o meu irmão bêbado pela primeira vez… pensei que o tinha perdido para sempre.
Sinto vergonha alheia… da pessoa que se autointitula “alternativa” e ao mesmo tempo tenta convencer os outros do ser incrível que é, como se fosse o ex libris do bom ser diferente.
O futuro… nunca se concretiza como achamos que vai concretizar-se, para o bem e para o mal.
Se eu encontrar… um sítio inexplorado junto ao rio, não levarei lá ninguém. A felicidade nem sempre deve ser partilhada.
Prometo… deixar de procrastinar nas questões de saúde e preparar-me para uma velhice saudável.
Tenho orgulho… na comunidade de Cem Soldos. O saber-fazer deste grupo, que põe de pé um festival como o Bons Sons, que é um bem comum a ser preservado, e ao mesmo tempo tenta manter a sua homeostase, para que cada pessoa continue motivada… é de uma resiliência fora do normal.