– Já não há paciência … para ouvir falar da criação de um aeroporto comercial na região Centro, na revitalização da Linha do Oeste e num conjunto de ideias bafientas, em vez de discutir realmente como podemos destacar-nos enquanto concelho que permite qualidade de vida aos seus cidadãos. Para as pessoas que dizem “top” a cada frase. Como se isso fosse “top”!
– Detesto… a possibilidade de reescrever livros porque não são politicamente corretos. Faça- se uma nota editorial de contexto, mas também não vamos refazer pinturas ou esculturas, pois não?
– A ideia… de alguém perceber exatamente o sentido do que dissemos, do segundo sentido que atribuímos às coisas e do nível de humor negro que nos habita é do mais sedutor que pode haver.
– Questiono-me se… as pessoas que asseguram que os carros eléctricos não poluem são as mesmas que precisam de comprar um telemóvel novo de seis em seis meses e fazem campanhas para salvar os golfinhos do Sado?
– Adoro… ser surpreendida por pequenos momentos não programados: um café, um encontro com amigos, um jantar, um fim de tarde numa esplanada. Uma “escapadinha”. Desfiar estupidez non sense até ficar sem fôlego de tanto rir.
– Lembro-me tantas vezes… do número de mulheres mortas em Portugal em contextos de intimidade, das desigualdades de género a que continuamos a assistir e dum certo machismo prepotente que ainda vai vigorando, que tenho vergonha do pouco que evoluímos enquanto sociedade.
– Desejo secretamente… ser reformada de uma alta patente militar, mas agora. Também serve ser despedida com indemnização choruda de um cargo importante na administração pública e ou empresas patrocinadas por todos nós.
– Tenho saudades… de não ser adulta. Ninguém me disse que isto ia ser assim, senão não me inscrevia.
– O medo que tive… durante a pandemia foi perder as pessoas que amo, mais do que qualquer questão de segurança pessoal.
-Sinto vergonha alheia… cada vez que alguns políticos se esquecem dos cargos que desempenham e fazem comentários estapafúrdios, como se fossem taxistas bêbedos, numa tasca em Alfama.
– O futuro… parece um bocado assustador se pensarmos que temos hoje pior serviço de saúde do que alguma vez nas últimas décadas; que ter um tecto para dormir parece um privilégio de alguns; que professores a dormir no carro e pessoas com emprego a viver em tendas são o novo normal.
– Se eu encontrar… o sentido da vida, provavelmente descubro que circulo em contra-mão.
– Prometo… continuar a lembrar-me que a vida é mesmo só uma passagem curta. Não vale a pena levar-mo-nos demasiado a sério. No fim, morremos todos.
– Tenho orgulho… de ter ajudado a construir alguns projetos que nos fazem pensar criticamente sobre as coisas, como um clube de leitura, um podcast, formação sobre cidadania através do cinema e um conjunto de pequenas insignificâncias. E, claro, tenho orgulho em concluir as respostas a este inquérito sem maldizer (demasiado) o operador de telemarketing que o solicitou.